Após 4 anos de produção, cineasta de S. A. de Jesus lança seu primeiro longa-metragem

Tau Tourinho e Guilú | Foto: Divulgação

O santoantoniense Otávio José Félix Tourinho, conhecido como Tau Tourinho, apresentou na tarde da última quarta-feira (27), na UFRB, campus da cidade de Cachoeira, seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) em Cinema, o qual obteve a nota 10. Na oportunidade, foi feita a exibição do seu filme longa-metragem “Guilú e o Tirador de Retrato”. O filme é focado na vida da senhora Glicéria Saturnino, de quase 90 anos, a qual é agricultora, sambadeira, pescadora e rezadeira, nascida e criada na zona rural de Cachoeira, no Recôncavo baiano. Dona Guilú, como é conhecida, deu à luz 23 filhos e de sua prole surgiu o grupo de samba-de-roda Raízes do Samba.

Durante uma hora e quinze minutos, o filme “Guilú e o Tirador de Retrato” mostra uma personagem que surge da força da valorização da vida, da alegria e determinação, do sentimento de que a “existência” é a maior riqueza que um ser humano pode ter. Por outro lado o Tirador de Retrato, Tau Tourinho, com sua câmera atenta e inventiva, captura livremente não somente o mundo histórico, como também suas subjetividades, e o resultado é uma obra de arte em movimento.

Para a trilha sonora do documentário, composta pelo filho de Tau Tourinho, Jamberê Cerqueira (UFBA/NEOJBÁ), foram utilizadas as músicas: “Festa de Largo”, “Mestre das Filarmônicas”, “Sopa Alternativa” e “Pé de Feijão”. Essa trilha sonora erudita e instrumental deu ao filme um toque especial, pois o músico tem como base de suas composições a musicalidade das filarmônicas, bandas marciais e fanfarras do interior e essa musicalidade veio a combinar perfeitamente com os aspectos culturais, religiosos e cívicos do município onde a protagonista mora, dando a impressão de que a trilha sonora foi concebida especialmente para o filme.

Sobre o Tau Tourinho:

Em 2002, no Campus V da UNEB, em Santo Antônio de Jesus, juntamente com o professor e mestre em cinema-história, Jonhy Guimarães da Silva, Tau Tourinho fundou o Cineclube Papa-Jaca que, além de exibições e discussões de filmes às quintas-feiras, produzia eventos cinematográficos como palestras, oficinas, mostras e também realizava filmes, a exemplo de “Mina do Sapé” (2010); “Sinfonia da Serra da Jibóia” (2010) e “Caravana Reconvexo” (2011).

Também na UNEB Tau foi contemplado com um edital de quatro mil reais para produção de um curta-metragem denominado “Má Vida”, com duração de 5 minutos, sendo que a partir desse filme muitas portas se abriram e, mais ainda, foi o filme que deu origem ao Movimento Cinematográfico NOVOCINEMANOVO.

Vale lembrar que em 2015 Tau foi selecionado para figuração permanente da primeira fase da novela da Rede Globo, “Velho Chico”, onde trabalhou durante quinze dias no Engenho Cajaíba, em São Francisco do Conde, sendo funcionário interno (jardineiro) da mansão do Barão Saruê, interpretado por Rodrigo Santoro.

NOVOCINEMANOVO: Movimento Cinematográfico do Recôncavo.

“Guilú e o Tirador de Retrato” é um filme documentário, longa-metragem, que nasceu forte, tendo como base de sua estrutura a garra da personagem, a determinação do diretor e as propostas do movimento cinematográfico do Recôncavo baiano, o NOVOCINEMANOVO. Para a realização do filme documentário utilizou-se primordialmente referências do NOVOCINEMANOVO, movimento cinematográfico do Recôncavo baiano, fundado em 2008 pelo artista visual, músico, memorialista e cineasta de Santo Antônio de Jesus, Tau Tourinho; pelo bacharel em arte plásticas, especialista em História-imagem, mestre em artes visuais pela Universidade Federal da Bahia, teatrólogo e historiador de Salvador, Gabriel Lopes Pontes; e pelo mineiro, de Boa Esperança, engenheiro elétrico, músico e fotógrafo, Lucas Virgolino.

O movimento NOVOCINEMANOVO se inspira em três movimentos cinematográficos: o Neorrealismo italiano, a Nouvelle Vague francesa e o Cinema Novo brasileiro. Do neorrealismo a referência vem da utilização dos atores reais e da grande maioria das cenas gravadas ao ar livre, aproveitando a luz natural e figurantes reais. Da Nouvelle Vague francesa vem à inspiração de construção de um filme autoral focado na personagem, suas impressões cotidianas e banais, por meio de uma montagem dinâmica que mistura a tradição com a pop art. Do Cinema Novo brasileiro, que incorpora também os movimentos supracitados, referenciou-se a valorização dos temas e personagens nacionais, da cultura popular, religiosidade e musicalidade brasileiras, com foco na problemática social.

Segundo Tau Tourinho, as referências do movimento NOVOCINEMANOVO, seja do neorrealismo italiano, da nouvelle vague francesa e do cinema novo brasileiro, todas elas coexistem em seus filmes, “mas sentimos a necessidade de ir além, anexando a elas o nosso tempero, extraído do Recôncavo baiano, que acreditamos ser composto de improviso, humor, criatividade e o mínimo de técnica”. (Informações: ASCOM / Editado por: Voz da Bahia)

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