Os conflitos entre Israel e a Faixa de Gaza se intensificaram neste domingo (5), numa escalada da recente onda de violência que teve início na última sexta e que deixou mortos de ambos os lados, incluindo um comandante do Hamas.
Foguetes disparados de Gaza mataram quatro israelenses, enquanto 23 palestinos foram mortos em ataques de Israel nos confrontos fronteiriços mais sérios desde novembro. No início da tarde deste domingo, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) informaram que 600 foguetes foram disparados de Gaza contra o território israelense desde sábado.
Em resposta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou às Forças Armadas que continuem os “ataques em massa contra elementos terroristas na Faixa de Gaza” e que a fronteira seja reforçada “com tanques, artilharia e tropas”.
Segundo a agência de notícias AP, militantes palestinos na Faixa de Gaza intensificaram uma onda de foguetes contra o sul de Israel, atingindo cidades em toda a região, enquanto forças israelenses atingem dezenas de alvos em toda a Faixa de Gaza.
O Exército israelense afirmou que atacou mais de 320 alvos de grupos militantes em Gaza e que mais de 150 mísseis lançados pelos palestinos foram interceptados por seu sistema de defesa, Domo de Ferro.
No início da tarde, o exército israelense afirmou que mais mísseis estavam sendo disparados contra Israel a partir de Gaza.
Israel e o Hamas conseguiram evitar uma guerra total nos últimos cinco anos. Mediadores egípcios, com o crédito de terem intermediado um cessar-fogo após um ataque com foguetes do Hamas ao norte de Tel Aviv, em março, têm trabalhado para evitar qualquer nova escalada de hostilidades.
Três israelenses morrem em ataques com foguetesJornal GloboNews–:–/–:–
Resumo dos novos confrontos
- Segundo a Reuters, a onda de violência começou há dois dias, quando um atirador jihadista atacou tropas israelenses, atingindo dois soldados, de acordo com o Exército de Israel.
- A Jihad Islâmica acusou Israel de atrasar a implementação de acordos mediados pelo Egito com o objetivo de encerrar a violência e aliviar as dificuldades econômicas de Gaza.
- O confronto ocorre dias antes de os muçulmanos começarem o mês sagrado do Ramadã e os israelenses celebrarem o Dia da Independência.
- Há mortes dos dois lados dos conflitos. Entre os mortos, há um comandante do Hamas atingido por um ataque direcionado de Israel. Segundo os palestinos, esta foi a primeira ação deste tipo desde 2014.
Professor de Relações Internacionais comenta os conflitos na Faixa de GazaJornal GloboNews–:–/–:–
Mauricio Santoro, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que tende a ver as justificativas do Hamas como um pretexto para o ataque.
“O que nós estamos vendo nos últimos dias é a terceira rodada de um conflito muito mais antigo. Só nos últimos dez anos, já levou a duas guerras entre Israel e o Hamas pelo controle da Faixa de Gaza. Vire e mexe, acontece algum incidente, algum conflito diplomático e esse enfrentamento armado volta”, diz o professor.
Mortes nos dois lados
As agências de notícias relatam mortos nos dois lados do conflito nos últimos dias. Segundo informações da agência de notícias France Presse (AFP), o número de palestinos mortos subiu para vinte e três na tarde deste domingo após novos ataques israelenses.
Uma bebê de um ano e dois meses de idade e sua tia grávida morreram no sábado. Segundo o Ministério da Saúde palestino, elas foram vítimas de um ataque aéreo israelense um dia antes, mas o Exército de Israel negou as alegações.
Forças de Israel matam um dos comandantes do HamasJornal GloboNews–:–/–:–
Um dos outros mortos é Hamed Ahmed Abed Khudri, comandante do Hamas responsável pela transferência de fundos do Irã para facções armadas em Gaza. Ele foi morto no que os militares israelenses descreveram como um ataque direcionado. Segundo os palestinos, esta foi a primeira ação deste tipo desde a guerra de 2014 no enclave palestino.
Entre as vítimas, também estão dois militantes do Hamas e dois membros da Jihad Islâmica Palestina (PIJ, na sigla em inglês). Outras vítimas ainda não foram identificadas.
Do lado israelense, foram quatro mortes de acordo com a AFP – os primeiros civis do país vítimas do conflito desde 2014. Moshe Agadi, de 58 anos, morreu devido às feridas causadas por um foguete que caiu na cidade de Ashkelon. Netanyahu se solidarizou em rede social.
“Em nome de todos os cidadãos israelenses, desejo enviar condolências à família de Moshe Agadi, pai de quatro. Nesta hora difícil, desejo fortalecer a sua família e enviar um acolhimento rápido e completo aos feridos. Que sua memória seja abençoada”, escreveu o primeiro-ministro.
Além das mortes, uma israelense de 50 anos ficou gravemente ferida e, durante a madrugada, várias pessoas foram atingidas em Ashkelon e na área de Lakiya devido ao contínuo lançamento de projéteis.