Mesmo após se reunir com o vice-governador João Leão para buscar esclarecimentos sobre a construção da ponte Salvador-Itaparica, os integrantes da Comissão Especial parlamentar da Câmara de Vereadores de Vera Cruz revelam não ter tido acesso aos esclarecimentos necessários. Para tentar driblar a situação, a Comissão pretende provocar a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), a Câmara de Salvador e o Ministério Público (MP-BA) para ampliar a discussão.
Uma reunião na governadoria no último dia 6 tentou abordar aspectos como onde o equipamento será instalado, quando serão disponibilizados os investimentos à cidade considerados condicionantes para a implementação da ponte e como serão indenizados parte dos moradores. No entanto, nada foi esclarecido. “O vice-governador disse que iria tratar com o secretário Marcus Cavalcanti. Também questionamos se a ponte seria elevada ou encostada no solo. Nossa preocupação é que, se ela for elevada, além da construção ser mais rápida, ela diminui o impacto ambiental, gerando menos problemas com o corredor da fauna”, disse o presidente da comissão, Jorge Carvalho.
Ainda de acordo com o vereador, Leão, apesar do tom amistoso, foi firme no posicionamento. “Ele disse que o que não conseguíssemos resolver, que a gente procurasse o Ministério Público. Então vamos buscar o MP. Não queremos um diálogo no sentido de brigar com o Estado, mas sim fazer algo que seja harmônico e que também atenda aos interesses da cidade. Ele falou que o Estado tem o poder de passar aonde quiser. Poder pode, mas tem que ter a sensibilidade, o respeito pela cidade e pelas pessoas”, reclamou.
Diante do imbróglio, o próximo passo, de acordo com o vereador, será a proposição criação de uma comissão permanente para acompanhar, na presença do MP, os trabalhos da construção da ponte. Também cotados para integrar a comissão estão a Defensoria Pública, representantes da Câmara e do Executivo municipal.
De acordo com Carvalho, o governo ficou de avaliar as demandas levadas para trazer mais esclarecimentos sobre a obra. “Mesmo assim vamos entrar com uma representação no MP pedindo essa participação no sentido de mitigar os problemas, pois sabemos que eles surgirão. Só o fato de não terem sido feitos os investimentos iniciais que estavam prometidos, a gente já percebe que surgirão outros problemas. Isso porque as pessoas estão buscando vir para cá. O estado precisa sim fazer os investimentos antecipados, por isso queremos um ajustamento de conduta para garantir direitos em relação a este grande feito”, pontuou.
Ele conta que o governo assumiu alguns compromissos condicionantes para a instalação do equipamento, mas, até então, nada foi cumprido (relembre). “Propuseram investimentos em diversas áreas como a instalação de leitos de UTI, a instalação de uma faculdade, calçamento das vicinais da BA, investimento em segurança pública, além de investimentos em mobilidade, mas nada disso até agora foi implementado”, disse.
O Bahia Notícias entrou em contato com a Secretaria de Infraestrutura do estado (Seinfra), para saber como funcionarão as indenizações para moradores que não tenham as documentações dos imóveis. Se serão construídos conjuntos habitacionais para os moradores que tiverem suas casas desapropriadas, quais serão os valores a serem investidos na cidade e, dentre outras coisas, se há projeções dos impactos após a instalação da ponte e como o governo avalia essas tentativas de diálogo iniciadas pela comissão de vereadores. Todavia, até o fechamento desta matéria, não houve retorno.
A reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa do consórcio responsável pela construção do equipamento e com a assessoria do vice-governador em busca de um posicionamento. No entanto, também não obtivemos resposta até o fechamento desta matéria. (BN)