O Janeiro Branco, mês dedicado à conscientização sobre saúde mental, encerra-se com um dado preocupante na Bahia. O estado, conhecido por seu verão vibrante e festas populares, enfrenta índices de ansiedade e depressão superiores à média nacional.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 14,9% dos baianos apresentam sintomas de ansiedade, enquanto 8,3% convivem com depressão. Os números nacionais são de 12,2% e 6,5%, respectivamente.
Embora Salvador tenha alta incidência de luz solar — fator que contribui para a produção de serotonina e síntese de vitamina D, essenciais para o equilíbrio emocional — a exposição ao sol não elimina os casos de transtornos psicológicos.
O Journal of Affective Disorders aponta que a deficiência de vitamina D está associada a sintomas depressivos, mas outros fatores também influenciam o cenário.
O psicólogo Vinícius Farani destaca que não são apenas grandes traumas que afetam a saúde mental. “Relações familiares, questões sociais, estresse no trânsito, trabalho e vida financeira são fatores que promovem desgastes progressivos”, afirma.
Segundo ele, essas pequenas dificuldades acumuladas ao longo do tempo comprometem a saúde mental e física.
Estudos da Fiocruz reforçam essa análise, mostrando que condições adversas recorrentes aumentam significativamente o risco de transtornos psicológicos.
O cenário social na Bahia é outro agravante. Problemas históricos, como pobreza, desemprego e violência, impactam diretamente a qualidade de vida. O estado fechou o segundo trimestre de 2024 com uma taxa de desemprego de 11%, a segunda maior do país, atrás apenas de Pernambuco, segundo o IBGE.
Em Salvador, onde vivem 17% da população baiana, a situação é ainda mais crítica. De acordo com o Mapa das Desigualdades entre as Capitais, divulgado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), a capital apresenta os piores índices de renda, emprego e segurança pública em comparação com as demais capitais brasileiras.