Responsáveis por dar o diagnóstico e cuidar dos pacientes contaminados pelo coronavírus, os profissionais de saúde da Bahia se viram do outro lado da história mais de 50 mil vezes desde que a pandemia começou. É que, de março de 2020 – quando a crise sanitária mundial foi decretada – para cá, 50.384 profissionais de saúde que trabalham na Bahia já foram diagnosticados com a covid-19, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
A técnica de enfermagem Suellen Maria de Santana, 37 anos, recebeu a mesma notícia duas vezes: ela está com covid pela segunda vez. Mesmo tendo tomado as duas doses da vacina AstraZeneca, a alta exposição à contaminação durante o exercício da função foi suficiente para uma reinfecção. “Estamos a todo momento em contato com o paciente de covid. Só Deus para nos proteger”, diz a técnica, que integra a lista dos mais de 50 mil casos da doença em profissionais da saúde.
Dentre as categorias que compõem o sistema de saúde, a de Suellen é justamente a dos mais atingidos pela doença. São 14.651 técnicos ou auxiliares de enfermagem infectados pela covid. Os dados são do boletim epidemiológico da Sesab deste domingo (20), que lista 11.711 casos em profissionais de saúde cuja categoria não foi informada. Logo depois aparecem os enfermeiros (8.912 casos) e os médicos (4.339). Não há dados sobre óbitos de profissionais de saúde no boletim epidemiológico.
Os dados, no entanto, podem ser ainda maiores do que os oficialmente contabilizados. Para que um caso de covid-19 em um profissional da saúde seja contabilizado, é preciso que o hospital faça a notificação para o banco de dados do Ministério da Saúde. Caso esse ato não ocorra, por mais que o trabalhador esteja doente, esse número não entra nas estatísticas oficiais de funcionários infectados pela covid. É o que afirma Adauto Silva, diretor de comunicação e imprensa do Sindisaúde Rede Privada (Correio)