Na letra da canção Alegria Geral, o Olodum canta que no domingo vai estar no Pelô. Esse ano, porém, tudo vai ser diferente por causa da pandemia. A Covid-19 pode até ter cancelado o carnaval, mas não suspendeu as atividades do grupo “denominado de vulcão”.
Com tantos projetos, o carnaval seria mais um complemento à imensa trajetória do grupo. Como vários artistas e blocos, o Olodum confirmou uma live, que será o acalento do coração dos fãs neste período, quando ocorreria a festa momesca.
Inicialmente, a apresentação virtual seria na sexta-feira (12). Por falta de patrocínio, o Olodum chegou a cancelar, mas a boa notícia chegou na quinta-feira (11), com a confirmação da live na terça-feira (16) de carnaval, com Margareth Menezes e o Ilê Aiyê.
À parte os festejos, o Olodum é mais que um bloco ou uma banda, é um grande projeto social de resgate de pessoas negras: a militância de base. E é justamente por isso que ele não parou, como conta Marcelo Gentil, vice-presidente da instituição.
Ele destaca que o setor da cultura sofreu muito com a pandemia porque, geralmente, está ligado a eventos que reúnem muitas pessoas, ou seja, aglomeração, terminantemente proibidas nos dias atuais.
“Nós aproveitamos esse momento de crise para fazer o dever de casa, para criar oportunidades. Várias atividades que nós fazíamos juntando gente, como seminários, palestras, shows e aulas, nós passamos a realizar de forma virtual, por meio das redes sociais do Olodum, a OlodumTV [no YouTube] e o Facebook oficial do Olodum”, conta Marcelo.
“O Olodum é uma organização da militância do movimento negro brasileiro. Uma organização preocupada em fazer algo pela população do Pelourinho”.
“Para não deixar a peteca cair”, como disse Marcelo, o Olodum passou a interagir com as pessoas com ajuda da tecnologia. Ele conta que o grupo juntou discussões sociais, conscientização, diversão e música.
“Realizamos uma série de palestras que nós intitulamos Diálogos Contemporâneos, com a participação de especialistas em temas que nos dizem respeito enquanto negros, enquanto afrodescendentes, enquanto instituição da cultura afro-brasileira. Dessas lives, participaram especialistas da Bahia, do Brasil e também do exterior. Realizamos também três lives musicais”.
“As atividades do Olodum não pararam. É bem verdade que elas reduziram em volume, em quantidade. Mas em momento algum deixamos de fazer o que já fazíamos antes”.
O apoio financeiro não surgiu na Bahia, mas o Olodum foi além. Em uma parceria com o governo da Alemanha, a instituição promove um curso semipresencial para mulheres. Marcelo conta que essa foi mais uma forma de “manter a máquina funcionando”.
“Por meio do fundo internacional do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, nós tivemos um projeto aprovado. Projeto esse que está permitindo que façamos um curso semipresencial sobre marketing e mídias sociais para mulheres. Isso quer dizer que o Olodum, no que tange a crise que se abateu contra todo o setor da cultura, encontrou maneiras alternativas de continuar sobrevivendo, de continuar sendo visto e ouvido e dizendo que está vivo”;
O curso está sendo oferecido na Escola Olodum, que fica no Pelourinho. E é lá também que o grupo constrói uma parceria para levar a cultura baiana e afro-brasileira para outros pontos do Brasil.
“A Escola Olodum está em processo de construção de parceria com o governo do Distrito Federal, para implantar, em uma das chamadas cidades satélites do Distrito Federal, a experiência socioeducativa e pedagógica da Escola Olodum. Essa parceria é com a administração regional do Paranoá e a ONG Obará, que tem um projeto bastante importante de valorização da cultura afro-brasileira, e ensino da arte negra no Distrito Federal”. (G1)