‘Blonde’, filme sobre Marilyn Monroe, é criticado por cena de aborto

“Blonde” mostra que Monroe fez dois abortos ilegais, ambos contra sua vontade

Cenas de um feto falante em “Blonde”, filme biográfico sobre Marilyn Monroe que lançou há poucos dias, vêm causando polêmica entre ativistas pró-legalização do aborto.

Isso porque, segundo alguns militantes, o longa estigmatiza o assunto e propaga desinformações, o que é negado pelo diretor, Andrew Dominik.

“Blonde” mostra que Monroe fez dois abortos ilegais, ambos contra sua vontade. Numa das cenas, um feto pergunta à estrela: “Você não vai me machucar desta vez, vai?”.
Caren Spruch, diretora de artes e entretenimento da Federação de Planejamento Familiar da América, disse ao site Hollywood Reporter que é problemático retratar um feto como um bebê totalmente formado e, além disso, falante. Segundo ela, isso prejudica discussões sobre aborto.


“Há tempos que fanáticos anti-aborto contribuem para estigmas sobre o tema, usando descrições medicamente imprecisas sobre fetos e gravidez”, afirmou Spruch. “Nós, da Federação, respeitamos a liberdade artística. Mas assuntos atrelados à gravidez, sobretudo o aborto, devem ser retratados com sensibilidade, autenticidade e precisão.”

No jornal americano The New York Times, Amanda Hess chamou “Blonde” de preguiçoso e disse que, embora o filme seja baseado na “conturbada autoconcepção da estrela”, não faz sentido retratar um feto com “imagens fantasiosas da cultura pop inventadas muito depois da morte de Monroe”.
Diante dessas e outras críticas que pipocaram pelas redes nos últimos dias, Dominik se defendeu ao The Wrap. O diretor afirmou que “Blonde” não é um filme anti-aborto e que essa percepção é fruto do lançamento da obra vir pouco após da queda do direito constitucional americano ao aborto.

“As pessoas estão obviamente preocupadas com a perda de liberdades”, disse ele. “Mas ninguém daria a mínima para isso se eu tivesse feito o filme em 2008. Daqui a quatro anos, provavelmente ninguém vai se importar, e o filme não terá mudado. É apenas o que está acontecendo.”


“Blonde”, que está disponível na Netflix, alterna entre vida pública e privada da atriz, mostrando o contraste entre a diva das telas e Norma Jeane, vítima de uma indústria machista e de seus traumas da infância.

google news