Com um recuo de mais de 6% das ações da Petrobras, a Bolsa brasileira registrou queda de 0,32% e fechou aos 112.784 pontos nesta segunda-feira (23),em seu menor nível desde 5 de junho deste ano.
As ações da petroleira, por sua vez, desabaram após o anúncio de uma proposta de mudança no estatuto social da companhia, com a criação de uma reserva de remuneração do capital e alterações em sua política de indicação de executivos.
O preço do petróleo também não ajudou: o barril do petróleo Brent, referência mundial do produto, caiu 2,5% nesta segunda, a US$ 89,83, com alívio de investidores sobre o conflito entre Hamas e Israel.
Os preços do petróleo caíram mais de 2% nesta segunda-feira, à medida que os esforços diplomáticos no Oriente Médio se intensificaram na tentativa de conter o conflito entre Israel e o Hamas, aliviando as preocupações dos investidores sobre possíveis interrupções no fornecimento.
Com isso, a Petrobras terminou o dia com queda de 6,60% em suas ações preferenciais, que foram as mais negociadas da sessão, e de 6,05% nas ordinárias.
“As ações da Petrobras reagiram à aprovação pelo Conselho da submissão de proposta de revisão do estatuto social, que poderia representar retrocesso na governança corporativa e impactar futuras distribuições de dividendos extraordinários. No fim, a queda do petróleo no mercado internacional foi só um fator adicional de menor impacto”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
As ações da Vale, a maior empresa da Bolsa brasileira, também caíram e puxaram o Ibovespa para baixo, acompanhando os preços do minério de ferro no exterior.
No câmbio, o dólar caiu 0,29% e fechou cotado a R$ 5,016, acompanhando a queda nos rendimentos dos títulos americanos. Os chamados “treasuries” recuaram de 4,91% para 4,84%, após terem ultrapassado o patamar de 5% pela manhã.
A queda dos treasuries costuma pesar contra o dólar pois diminui a atratividade da renda fixa americana, considerada um dos ativos mais seguros do mundo, fazendo com que investidores realoquem seus recursos para mercados de maior risco.
Nos EUA, os principais índices de ações tiveram direções mistas: o Nasdaq subiu 0,27%, enquanto o S&P 500 caiu 0,17%.
Agora, investidores dos EUA aguardam a divulgação de dados econômicos do país, incluindo números de inflação, para alinhar apostas sobre o futuro da política de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
No Brasil, a expectativa é sobre a divulgação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) de outubro, na quinta (26). Nesta manhã, o boletim Focus, do Banco Central, mostrou que analistas reduziram a projeção de inflação para 2023 de 4,75% para 4,65%.
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) também foi revisado para baixo, indo de 2,92% para 2,90%, na primeira diminuição das projeções do indicador em seis meses.
Apesar das quedas de Petrobras e Vale, a maioria das empresas do Ibovespa tiveram um dia positivo, beneficiadas pela queda dos juros futuros mais longos no Brasil. As aéreas Azul e Gol, por exemplo, subiram 4,61% e 5,50%, respectivamente, e a maior alta do dia foi da CVC que disparou 9,20%.
As três fazem parte das chamadas “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica. O índice que reúne essas companhias subiu 1,75% nesta segunda.
“Há uma percepção global de que a inflação está arrefecendo. Os juros futuros americanos estão caindo, o que tem efeito positivo nas Bolsas. O Ibovespa esconde toda uma Bolsa positiva, que só não subiu por causa da Petrobras. Se não fosse isso, provavelmente o índice teria subido bastante”, afirma Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research. (BNews)