A Bolsa brasileira teve alta nesta sexta-feira (26) e fechou acima dos 110 mil pontos, subindo 0,15% na semana após a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara e dados de inflação positivos no país. Já o dólar voltou a cair, com as negociações sobre o aumento do teto da dívida americana ainda no radar dos investidores.
O Ibovespa fechou o dia em alta de 0,77%, a 110.866 pontos, enquanto o dólar caiu 0,93%, a R$ 4,988, com desvalorização de 1,6% na semana.
Altas do petróleo e do minério de ferro impulsionaram ações da Vale e da Petrobras, que tiveram alta de 2,28 e 1,32%, respectivamente, apoiando o índice. Altas de CVC (11,19%) e Gol (6,66%) também auxiliaram o Ibovespa. Além disso, a Bolsa foi apoiada pela melhora de dados de inflação do Brasil.
Na quinta-feira (25), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação medida pelo IPCA-15 desacelerou a 0,51% em maio, após subir 0,57% em abril. O dado surpreendeu positivamente o mercado e deu força às apostas de uma redução antecipada da Selic (taxa básica de juros), o que apoia a Bolsa.
Nos destaques positivos da semana, houve, ainda, a aprovação do texto-base do arcabouço fiscal no Congresso com ampla maioria, numa vitória do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A tramitação do projeto era acompanhado por investidores há semanas, que esperam uma redução da percepção de risco no país com as novas regras fiscais no país.
Com isso, os mercados de juros futuros fecharam a semana em queda. Os contratos para janeiro de 2024 foram de 13,31% para 13,17%, enquanto os para 2025 caíram de 11,74% para 11,46%.
Em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o país está prestes a ter um início de ciclo de queda de juros. “Estamos começando o ciclo de redução dos juros brevemente, o próprio presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] tem dito que as coisas estão se alinhando nesse sentido”, afirmou o ministro.
A declaração ocorre um dia após Campos Neto que o recuo nos juros futuros são reflexo da aprovação do arcabouço fiscal na Câmara. O presidente do BC não sinalizou um início de cortes na Selic, mas disse que o cenário “está melhor”.
Os índices do exterior também apoiaram o Ibovespa nesta sexta, com mais otimismo sobre o aumento o teto da dívida dos EUA. O impasse chegou a derrubar os mercados internacionais no início da semana, mas sinalizações de que um acordo entre democratas e republicanos está próximo aumentou a confiança de investidores.
Com isso, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq subiram 1,00%, 1,30% e 2,19%, respectivamente. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 1,15%, a 461,41 pontos, o maior ganho em um dia em quase dois meses, recuperando-se da mínima de oito semanas atingida na quinta-feira.
Ainda nos EUA, o Departamento de Comércio do país divulgou que o índice inflacionário PCE, que é acompanhado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) para suas decisões sobre juros, subiu 0,4% em abril, após alta de 0,1% em março. Nos 12 meses até abril, o PCE subiu 4,4%, após avançar 4,2% em março.
O resultado veio acima do esperado e apoiou as apostas de que o Fed ainda vai realizar uma nova alta nos juros neste ano, indo na contramão do consenso do mercado de que a autoridade monetária fará uma pausa na escalada de juros na próxima reunião.
Ao mesmo tempo, relatório separado mostrou que os gastos do consumidor norte-americano aumentaram mais do que o esperado em abril, impulsionando as perspectivas de crescimento da economia para o segundo trimestre, o que também influencia nas expectativas de uma inflação mais persistente.
Quanto mais altos os juros nos Estados Unidos, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente de fluxos para o extremamente seguro mercado de renda fixa norte-americano. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, teve alta de 0,35% nesta sexta. Frente o real, porém, a moeda americana segue em queda. (BNews)