Durante entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Carlinhos Brown disse que, agora, enxerga a atitude racista da plateia do Rock in Rio, em 2012. Vestindo um cocar, o músico reagia a vaias e garrafadas da plateia. Brown abria o dia de apresentações dedicadas ao metal, que tinha como destaque da programação a banda Guns N’ Roses. Após duas décadas do episódio, o músico de 58 anos , diz que foi vítima de um “dos primeiros cancelamentos”.
“Precisamos de tempo para observar o que são as coisas. E o cancelamento talvez seja a síntese [daquele episódio]. E dentro do cancelamento tem tudo. Tem racismo, preconceito contra o gênero, contra a música”, disse o músico à Folha.
“Eu era um artista muito mais frágil naquele momento, com expectativas gigantes jogadas naquele momento, eu já estava com música estourada — já tinha criado, com meus amigos, o axé music. Mas eu era frágil com inocências antropofagistas. Me vestia como índio, eu não queria me vestir como o cara do rock’n’roll”, afirma o cantor.
A terceira edição do festival, há 20 anos, foi marcada pela crítica de músicos brasileiros, que buscavam cachês maiores e horários mais nobres, reservados às atrações estrangeiras. Naquele ano, por exemplo, seis bandas brasileiras —Skank, O Rappa, Raimundos, Cidade Negra, Jota Quest e Charlie Brown Jr— boicotaram o evento.
“Que bom que houve aquele choque porque a gente sabia que, no Rock in Rio, a palavra rock, suas quatro letras, era maior que Rio. Mas a gente também estava dizendo que o Rio é enorme. A música brasileira precisava ser mostrada”, disse.
Brown crê que essa provocação foi feita, na época, pelo empresário e dono do festival, Roberto Medina, que o escalou para se apresentar no mesmo dia de bandas de rock mais pesado. Hoje, é o músico quem faz a provocação — quer voltar aos palcos do festival. “Queria fazer um convite, quero fazer aquele show de novo.” (Metro1)