A cantora baiana Karina Buhr, de 45 anos, fez um desabafo em seu perfil na rede social Medium afirmando ter sido estuprada várias vezes por Dito de Oxóssi, babalorixá e vocalista do Afoxé Ylê de Egbá, que morreu no último dia 15, no Recife, após uma sofrer uma parada cardiorrespiratória, aos 57 anos.
No desabafo com o título de “Ele morreu, e o inferno ressuscitou pra mim” (leia abaixo, na íntegra), ela narra com detalhes os abusos sexuais que sofreu do músico e o motivo de só revelar os estupros agora.
“Por que expor por estupro um homem que acabou de morrer? Porque eu quase morri nas mãos dele. Por que não denunciou quando estava vivo? Por medo de morrer, medo de machucar minha mãe”, inicia ela, que no texto também cita os casos noticiados de abusos comedidos pelo médium João de Deus.
“Certamente ouvirei que não estou respeitando a família num momento de dor. Respeito sim. Respeito a dor de cada um deles e de todos que consideravam Dito como pai. E peço que também respeitem a minha dor, que já dura mais de 20 anos. Ele, como babalorixá, me chamava de filha e usou sua força e autoridade dentro desse contexto pra escravizar minha mente e meu corpo”, continua.
‘Me mandou ajoelhar, abriu a calça e botou o pênis na minha boca’
Mais adiante, ela conta como aconteceu o primeiro estupro, na casa dela, no ano 2000:”Ele me levou pro quarto, me mandou ajoelhar no chão e agiu como se fosse começar uma daquelas sessões de conselho. Achei estranho o pedido pra ajoelhar mas fiz. Ele então abriu o cinto, abriu a calça e botou o pênis na minha boca”, narra.
“Eu fiquei aturdida, paralisada de medo, de culpa, de vergonha, embora eu estivesse sendo vítima de algo que nem sabia ainda o que era. Não entendi nada, estava tudo errado de novo e de novo eu não ia conseguir reagir, aos prantos, desesperada. Eu estava totalmente dominada por essa situação e me sentia sem domínio sobre minha mente nem meu corpo. Era uma entidade com a qual eu convivia há um tempo e tinha devoção”.
‘Me encostou na mesa e me estuprou com penetração de novo’
Segundo o relato, o segundo abuso teria acontecido na casa de Dito, em 2001: “Enquanto falava e dava conselhos, abriu a calça. Me encostou na mesa e me estuprou com penetração de novo, eu de novo chorando, na sala da minha mãe, com todo medo, culpa e tristeza aumentados por conta disso”.
Logo depois que ele enfiou consegui reagir, empurrei ele (e fiquei com um peso estranho demais, achando que fiz algo muito errado e que seria punida) e ele tirou de dentro. Poucos minutos depois alguém entrou em casa. Minha vontade era de me matar. Saí de casa olhando pro chão e com uma culpa indescritível”, descreveu.
A terceira vez, segundo Karina, foi no carro dele: “…Botando o pênis pra fora enquanto dirigia o carro, puxando minha cabeça e enfiando na minha boca pra que eu repetisse tudo aquilo e falando que eu tinha me tornado mais forte, que minha mente estava tranquila. Eu estava destruída por dentro. Isso não lembro quando foi, só que foi depois das outras duas vezes”, contou ela.
(iBahia)