O número de esporotricose, doença causada por fungos e bactérias que atingem animais e humanos, dobrou em Salvador em apenas um ano. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), foram 306 casos em 2019, contra 148 em 2018. O bairro da Liberdade teve o maior número de casos confirmados, seguido de Itapuã, Cabula/Beiru, Centro Histórico e Subúrbio Ferroviário.
De acordo com o médico veterinário e subcoordenador de Apoio Diagnóstico de Zoonose do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Salvador, Aroldo Carneiro, os primeiros animais infectados apareceram em Camaçari, na região metropolitana da capital.
“O que pode ter acontecido é que com a vinda desses animais até Salvador, acabou que outros gatos também foram infectados, e assim se espalhou a doença”, disse Carneiro em entrevista ao bahia.ba. A cidade de Camaçari apresentou, de 2015 até 2019, 305 casos da doença em humanos, sendo 171 somente em 2018.
A transmissão acontece pela mordida ou por arranhões. “Os gatos costumam se arranhar entre si na disputa de território ou até na disputa de alguma fêmea. Por essas razões, a transmissão entre eles é muito mais comum de acontecer. O gato que não é castrado e vai para rua procurar por outros felinos, ao chegar em casa arranhado, pode, sim, ter pegado o fungo da doença”, explica o veterinário.
Carneiro alerta que a única forma de prevenir a doença é por meio da castração. “A gente sempre aconselha que os animais domésticos sejam castrados, pois um gato, quanto mais cedo for castrado, menos vontade ele tem de ir para as ruas, e assim previne-se o contato com os gatos de rua infectados com a esporotricose”.
Apesar de os casos aparecerem mais nos felinos, o veterinário não descarta a possibilidade de a doença aparecer também em cães. A micose pode levar à morte, mas se bem tratada, tem cura.
A SMS disponibiliza o tratamento da doença de maneira gratuita, assim como a castração dos felinos. Só em 2019, a Prefeitura de Salvador conseguiu castrar cerca de 8.703 cães e gatos. O número de felinos castrados chegou a 6.500. “É importante ressaltar que a prefeitura trabalha para castrar os animais de rua e também os domésticos. A população precisa saber que a castração é gratuita”, afirma Aroldo Carneiro.
Os primeiros casos da doença apareceram nos anos 1960, na região sudoeste do Brasil. De lá para cá, o aumento foi tão significativo que os estudiosos desconfiam que houve uma mutação do fungo chamado Sporothrix brasiliensis, que é muito mais patogênico do que o Sporothrix, que causa a doença.
(Bahia.Ba)