Católicos serão parcela menor que 50% da população no Brasil já em 2022

Foto: reprodução/Tommaso Protti/The Wall Street Journal

O cenário religioso no Brasil vem sofrendo grandes mudanças nos últimos 30 anos, e o Censo de 2010 evidenciou um crescimento inevitável do segmento evangélico. Agora, em 2022, pesquisas indicam que os católicos devem deixar de ser maioria absoluta no país.

Estudos recentes, a partir de dados obtidos em diversas pesquisas, indicam que os católicos deverão formar uma parcela inferior a 50% da população já este ano.

Jornalistas do principal jornal econômico dos Estados Unidos, The Wall Street Journal, garantem que o fenômeno de mudança religiosa no Brasil é inevitável. Francis X. Rocca, Luciana Magalhães e Samantha Pearson, produziram reportagem sobre o declínio do catolicismo no Brasil e na América Latina.

No caso do Brasil, uma pesquisa da empresa Datafolha realizada em 2020 serviu de embasamento para a projeção: à época, o percentual de católicos no país era 51%, enquanto os evangélicos representavam 31%.

“O Vaticano está perdendo o maior país católico do mundo – é uma perda enorme, irreversível”, disse José Eustáquio Diniz Alves, um demógrafo brasileiro e ex-professor da da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.

Na entrevista, ele afirmou que os católicos representarão menos de 50% de todos os brasileiros até o início de julho, levando o Brasil a se juntar a outros sete países da América Latina em que a maioria da população é de não-católicos, incluindo Uruguai e República Dominicana.

Como o Brasil é considerado o maior país católico do mundo, o processo de mudança social é simbólico. O primeiro estado a registrar esse cenário foi o Rio de Janeiro, onde os católicos somam 46%.

A América Latina e o Caribe abrigam 41% dos católicos do mundo, segundo o Vaticano. Estimativas de quantos latino-americanos permanecem católicos variam, mas todos concordam que números vêm caindo.

Uma pesquisa do Pew Research Center, 69% dos latino-americanos eram católicos em 2014, embora 84% tivessem sido criados na Igreja; 19% dos latino-americanos se identificaram como protestantes, sendo que destes, 65% se identificaram com o pentecostalismo.

Entre 1970 e 2020, o número de pentecostais no Brasil cresceu de 6,8 milhões para 46,7 milhões, de acordo com dados coletados pelo World Christian Database. Na Guatemala, esse segmento religioso cresceu mais de dez vezes, saindo de aproximadamente 196 mil fiéis para cerca de 2,9 milhões.

O Pew Research apontou ainda que o motivo mais comum alegado por ex-católicos na América Latina para abraçar o cristianismo evangélico foi sua busca por uma conexão mais pessoal com Deus, razão citada por 81% dos entrevistados.

Nesse contexto, cerca de seis em cada 10 ex-católicos disseram que deixaram o catolicismo porque encontraram “uma igreja que ajuda mais os membros”.

por Tiago Chagas / Gospel+

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