Depois de flagrar o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) com R$ 15 mil entre as nádegas, a Polícia Federal (PF) o classificou como líder de um esquema que desviava recursos destinados ao combate à Covid-19 em Roraima. Essa informação veio à tona na noite dessa quarta-feira (21), depois que o ministro Luís Roberto Barroso, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), levantou o sigilo sobre o inquérito.
Segundo reportagem do Jornal da Globo, o documento aponta que o democrata, na época vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, atuava como “gestor paralelo” da Secretaria de Saúde do Estado, cobrando a liberação do dinheiro de emendas parlamentares para pagar empresas investigadas no esquema.
A PF chegou a essa conclusão após analisar mensagens encontradas no celular de Rodrigues. Em uma delas, ele questionou ao funcionário responsável pelos pagamentos: “você adiantou o pagamento da Gilce?”. A mulher em questão é Gilce de Oliveira Pinto, esposa de Júlio Rodrigues Ferreira, sócio da empresa Haiplan Construções Comércio e Serviços Ltda. Para os investigadores, isso “indica que o parlamentar estaria atendendo não apenas aos interesses do estado de Roraima, mas também aos seus próprios”.
Além disso, a PF também descobriu que duas servidoras do gabinete de Rodrigues trabalham na empresa privada de seu filho, Pedro Rodrigues. Neste ponto, os investigadores indicam para a evidência de desvio de função.
Procurado pelo telejornal, Rodrigues negou que liderasse um esquema criminoso, sob o argumento de que nunca interferiu nos recursos públicos em prol de interesses privados. Quanto às funcionárias que trabalham com o filho, ele disse que as duas servidoras exercem regularmente suas funções públicas.
Diante da repercussão negativa do caso revelado na semana passada, Rodrigues seguiu o conselho de colegas e se licenciou do Senado. A cadeira será assumida por seu filho Pedro, que é seu suplente. Antes disso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já o havia destituído da vice-liderança na Casa, chegando até a dizer que o parlamentar não era do governo. (BN)