O regime ditatorial do líder comunista Xi Jinping vem extraindo oportunidades do cenário de pandemia do novo coronavírus para intensificar sua perseguição aos cristãos. Relatos de organizações de Direitos Humanos apontam que o governo tem se empenhado a bloquear os cultos online e impedir troca de mensagens sobre a fé cristã.
A repressão do Partido Comunista Chinês aos cultos domésticos e também em templos estendeu-se aos cultos online, uma estratégia adotada por igrejas em todo o mundo para driblar as limitações em meio à pandemia de coronavírus.
A organização Bitter Winter, dedicada à fiscalização de agressões aos Direitos Humanos na China, relatou que as autoridades chinesas impediram os cristãos de acessar os cultos transmitidos ao vivo por igrejas consideradas “não oficiais”, congregações que não possuem registro do governo e se recusam a obedecer suas diretrizes.
Um pastor de uma igreja doméstica explicou a situação vivida pelos cristãos no país: “Nossa primeira e única reunião online foi bloqueada pelo governo logo após o início”, resumiu o sacerdote que vive na província de Shandong, no leste do país, e teve sua transmissão interrompida menos de 20 minutos após o início. Alguns dias depois, ele tentou, sem sucesso, outra plataforma de streaming.
O Departamento de Trabalho da Frente Unida do distrito de Nanhu, em Jiaxing, na província oriental de Zhejiang, também ordenou a suspensão de todas as transmissões de áudio pela plataforma WeChat. A Administração Estatal da China para Assuntos Religiosos emitiu uma ordem em setembro do ano passado proibindo a transmissão ao vivo ou a transmissão de “atividades religiosas”.
Chamado de “Medidas para o Gerenciamento de Informações Religiosas na Internet”, o documento declarava: “Nenhuma organização ou indivíduo poderá transmitir ao vivo ou transmitir atividades religiosas, incluindo orar, queimar incenso, ordenações, cantar escrituras, realizar cultos, adorar ou receber batismo online em a forma de texto, foto, áudio ou vídeo”.
As atividades online de crentes também são fortemente monitoradas, relatou a organização Bitter Winter, citando como exemplo o caso de uma pequena igreja na cidade de Laoling, em Shandong, que foi obrigada a exigir que todos os membros de seus grupos WeChat divulgassem seus nomes.
“Encorajadas pelo governo, muitas fábricas e locais públicos foram reabertos, mas os locais religiosos ainda são barrados”, disse um fiel. “As reuniões religiosas são proibidas e todos os canais de comunicação religiosa estão bloqueados”.
Por Tiago Chagas / Gospel+