Em seu segundo dia de folia, Ivete Sangalo deixou o Farol da Barra lotado para acompanhar o bloco Coruja. Com celulares em mãos e olhares concentrados, os foliões aguardavam para assistir à apresentação da cantora. No trio, famosos como as atrizes Suzana Pires e Cris Vianna aguardavam ansiosas.
De primeira, ela já fez todo mundo se arrepiar ao som de Eva. Depois, engatou Tempo de Alegria, Festa, Abalou, Poeira e Onda Diferente. Ainda no Farol, prometeu ainda mais energia aos foliões do bloco Coruja. “Como eu estou? Vim gostosinha para vocês”, provocou.
A cantora ainda brincou com o amigo Márcio Victor, do Psirico. “Recebi uma mensagem de áudio dele. Sabe como foi?”, anunciou, antes de deixar tocar o bordão do pagodeiro. “Música do Carnaval”, gritava Marcio Victor, no áudio. “Pois eu ouvi um história de que quando ela passa, todo mundo vai. É a música do Carnaval!”, disse Ivete, antes de cantar O Mundo Vai, sua aposta para 2020.
Seguindo a temática Reino de Mainha, ela apareceu no trio vestida de majestade da extravagância, com um vestido prateado, com detalhes em lilás e rosa. Logo no início do percurso, ela viu um casal de foliões passando sufoco no chão, mandou o trio parar e anunciou. “Olhe pra mim você de blusinha branca, vou convidar você e sua mulher para curtir o Carnaval comigo. Respire fundo. A gente insiste em falar, mas não adianta. Tem lugares que estão em guerra nesse momento”.
Em seguida, deu mais um recado. “Respeita as mina! Não é não, tá entendendo. Vamos nos divertir!”.
O domingo de Carnaval é especial para o agente de saúde Maurício Bastos, 45 anos, e a professora Joana Barreto, 48. Para eles, o melhor dia da folia tinha que ser com Ivete, no Coruja. “Acompanho ela desde o Eva, desde o Pinel. O Coruja é um bloco lindo e ela é uma pessoa linda”, comentou Joana.
Maurício elogiou o cuidado com os foliões, que começa desde a decoração do trio. “Essas inovações são fundamentais”, opinou.
Já a aposentada Margarete Pereira, 63, chegou preparada para a maratona do circuito: bastante protetor solar e uma sombrinha na cabeça. Moradora de Maceió, ela vem para o Carnaval de Salvador desde 1988. “Venho sozinha mesmo, porque minha família não gosta. Hoje vou sair no carro de apoio, ontem saí no trio, mas já fui na pipoca. Sempre ia atrás do trio, que sou pequenininha”, contou ela, do alto de seus 1,45m.
Dona Margarete conheceu Ivete na década de 1990, quando trabalhava nos camarins dos shows da cantora em Maceió. “Eu passava ferro nas roupas dela e da banda. Graças a Deus nunca queimei nenhuma”, brincou.
“Ivete é uma pessoa maravilhosa. Do povão mesmo. Não tem um defeito para eu botar”, completou a aposentada, que pretende sair no bloco também nesta ssgunda e na pipoca de terça-feira.
Enquanto isso, os amigos Alayne Ferreira, 28, e Klever de Oliveira, 28, vieram de São Paulo para acompanhar a cantora pela primeira vez. Amigos há 12 anos e fãs de Ivete, tinham o sonho de seguir o trio da cantora juntos. Chegaram a planejar no ano passado, mas a vinda a Salvador foi cancelada após a morte da avó de Klever.
Esse ano, tinham comprado apenas o bloco para acompanhar o Babado Novo na segunda. “Quando chegamos na loja da San Folia para pegar os abadás, tive a surpresa: ele (Klever) tinha comprado para mim o Coruja. Comecei a chorar”, contou Alayne. Para Klever, não dava para vir a Salvador sem que os dois acompanhassem Ivete. “O Carnaval daqui é o melhor do mundo mesmo. Em São Paulo, parece que as pessoas só vão para beijar e bagunçar. E quando beijam, nem dão tchau. Aqui, todo mundo quer curtir mesmo”, completou ele.
Correio 24h