Em operação há um pouco mais de dois anos, o Pix acabou se tornando o método de pagamento favorito dos brasileiros, que preferem a praticidade da ferramenta de transferências instantâneas em vez do uso de métodos antes mais comuns, como o dinheiro ou cartão de crédito. Além da isenção de taxas para a pessoa física, o Pix permite uma operação rápida, com disponibilidade de 24 horas por dia, 7 dias por semana, o que pode explicar a sua crescente adesão.
Conforme dados do Banco Central, foram 8,12 bilhões de transações apenas no primeiro trimestre de 2023. Essas transferências movimentaram R$ 3,45 trilhões, equivalendo a uma média mensal de 2,7 bilhões de transações e de R$ 1,15 trilhão. No ano de 2022, foram feitas 11,7 bilhões de operações que chegaram a um valor total de R$ 10,85 trilhões, representando mais que o dobro do que havia sido registrado no ano anterior.
A ferramenta foi tão bem pensada pelo Banco Central que ela é usada como uma referência por países desenvolvidos devido à sua praticidade operacional e rápida adesão dos usuários de todas as camadas sociais. O início da criação do Pix foi em 2018, e a plataforma foi lançada em 2020 pelo Banco Central sob a gestão de Roberto Campos Neto.
“Os países ficam maravilhados e aspiram ao seu ambiente. Vocês visitaram o Reino Unido e fizeram melhor com as lições aprendidas. A escala do Pix acelerou ainda o open finance por aqui. Todos falam que é fenomenal o ritmo no Brasil. São inovadores e o primeiro país onde o processo é de ponta a ponta e que avança em várias etapas”, conta a fundadora e CEO do Open Banking Excellence (OBE), da Inglaterra, Helen Child.
O Pix já penetrou tanto na sociedade brasileira que muitas das empresas buscando mercado no Brasil vêm aderindo a esse método de pagamento para atrair novos clientes e oferecer facilidades em seu serviço. Um exemplo são os cassinos que pagam via pix na hora, plataformas de jogatina online que vêm ganhando popularidade nos últimos anos, tanto por oferecerem jogos que pagam dinheiro de verdade, como o poker, bingo e jogo do bicho, quanto por permitirem a transferência instantânea dos valores recebidos diretamente para a conta bancária do jogador, de forma rápida e segura.
Novas funcionalidades
Entre o segundo semestre de 2023 e 2024, estão sendo introduzidas novas funcionalidades à ferramenta de transferências instantâneas, como o Pix débito automático, o parcelado, o saque e o internacional. Segundo especialistas entrevistados pelo Valor Globo, com essas inovações o uso desse método de pagamento deve crescer e as empresas de pequeno e médio porte devem aumentar a adesão.
Segundo a diretora de plataformas digitais e cartões comerciais do Citi, Patrícia Sousa, “o Citi, que é o banco das empresas, vê que o Pix passa a fazer parte até da jornada operacional com melhorias de serviços para as empresas”.
Já a diretora de TI do Itaú Unibanco, Cristina Gouveia, conta que um dos motivos para a crescente popularidade da ferramenta é a “sensação de segurança de não precisar carregar dinheiro para realizar pequenos pagamentos”.
Entre 2021 e 2022, o percentual dos pagamentos feitos pelo Pix para as empresas foi de 5% para incríveis 29%. Conforme o BC, o Pix automático, que funciona para pagamentos recorrentes, permitirá que empresas de qualquer tamanho possam trazer essa opção para o cliente.
“E com segurança, praticidade e com diversas formas de contratação de serviços. A previsão é que seja lançado em abril de 2024”, afirma Mayara Yano, que atua no Banco Central como assessora sênior do departamento de competição e de estrutura do mercado financeiro.
Quanto ao Pix internacional, a assessora sênior conta que esse é um desafio mais complexo, já que requer a ligação de sistemas de pagamento de diversos países para ganhar escala. “Tem um projeto do BIS [Banco de Compensações Internacionais] que cria padrões internacionais, com chaves e API, mas será um desafio que teremos que encarar”, completa Yano.