Com risco de nova barragem se romper, água é desviada e nível de rio sobe em Coronel João Sá

Bombeiros de um lado da ponte e moradores de Coronel João Sá, de outro, quando a água tomava a ponte na manhã deste sábado (13) — Foto: Alan Tiago/G1
Bombeiros de um lado da ponte e moradores de Coronel João Sá, de outro, quando a água tomava a ponte na manhã deste sábado (13) — Foto: Alan Tiago/G1

O nível da água do Rio do Peixe voltou a subir durante a madrugada deste sábado (13) e os moradores da região só podem passar pela ponte de Coronel João Sá, que liga o centro da cidade a bairros e povoados da zona rural, com ajuda e monitoramento do Corpo de Bombeiros. A cidade ficou inundada na última quinta-feira (11), após a barragem do Quati, que fica na cidade vizinha, Pedro Alexandre, se romper. Apesar do rio do Peixe ter subido, a água não atingiu as casas. Conforme a defesa civil, o aumento do volume de água do rio ocorreu pois, desde à noite de sexta, está sendo realizado um trabalho de rebaixamento do nível do sangradouro na barragem Boa Sorte, em Coronel João Sá para evitar o rompimento dessa barragem. Com isso, está sendo lançada mais água para o rio do Peixe. O major Ramon Diego, do Corpo de Bombeiros, informou que alguns dos agentes também participam desse trabalho na barragem Boa Sorte. “A gente está com uma retroescavadeira e equipe de avaliação que está fazendo esse desvio na água, por isso que aumentou um pouquinho [o volume de água]”, disse

Bombeiros em Coronel João Sá, quando a água tomava a ponte na manhã deste sábado (13) — Foto: Alan Tiago/G1
Bombeiros em Coronel João Sá, quando a água tomava a ponte na manhã deste sábado (13) — Foto: Alan Tiago/G1

Por conta do aumento da água, a ponte chegou a ser interditada pelos bombeiros na manhã deste sábado, quando a água estava sobre a ponte. Os moradores ficaram ilhados durante a madrugada até às 9h deste sábado, quando a água começou a escoar e não cobria mais a ponte. Entretanto, os bombeiros alertam que o nível do rio ainda é alto. Ao contrário de sexta-feira, quando teve o alerta dos bombeiros para esvaziar a parte baixa da cidade, o clima este sábado na cidade é de tranquilidade. De acordo com o Major Ramon Diego, do corpo de bombeiros, a água do rio está baixando, em média, 10 cm por hora. “Estamos fazendo a travessia controlada das pessoas. Só nesse trecho da ponte temos 24 bombeiros para dar total segurança da população. A população está fazendo tudo conforme nossas orientações e não tentam atravessar sozinhos”, explicou.

Nível do rio já baixando, em Coronel João Sá, e água escoando de ponte que ficou inundada — Foto: Alan Tiago/G1
Nível do rio já baixando, em Coronel João Sá, e água escoando de ponte que ficou inundada — Foto: Alan Tiago/G1

Neste sábado, a chuva deu uma trégua na cidade depois de uma semana e o sol apareceu. O tempo está parcialmente nublado e a temperatura na cidade é de cerca de 24 ºC. Na sexta-feira (12), por volta das 22h30, o nível do rio estava cerca de um metro abaixo da ponte. Do final da manhã de sexta até quase o início da tarde, com o nível do rio reduzido, o equipamento não estava bloqueado, mas os moradores só passavam pela ponte com o auxílio dos bombeiros. Apenas os veículos ficaram impossibilitados de passar. Nesta manhã deste sábado, no entanto, a água estava encobrindo o piso da estrutura e os agentes proibiram a passagem das pessoas.

Moradores de Coronel João Sá passando por ponte na manhã deste sábado (13), com monitoramento do Corpo de Bombeiros — Foto: Alan Tiago/G1
Moradores de Coronel João Sá passando por ponte na manhã deste sábado (13), com monitoramento do Corpo de Bombeiros — Foto: Alan Tiago/G1

Além disso, o Corpo de Bombeiros informou que técnicos da defesa civil vão fazer uma avaliação na ponte para saber se houve alguma danificação na estrutura, após o nível da água baixar. A ponte de coronel João Sá, que tem cerca de 10 metros de altura, é a única via de ligação entre o centro e o bairro Sanharol e os povoados como Doçura, Queimada do Meio, Tiririca, Serrotinho, Lagoa do Velho, Jitaí, Ilha de São José, Gasparino Mocambo, Macaco, Jardim, Lagoas I e II e Calderão I e II, além do assentamento Ronco Gibão. A ponte também dá acesso à estrada que leva aos municípios de Sítio do Quinto, Pedro Alexandre e Jeremoabo.

Transtornos e prejuízos

Imagens aéreas mostram rompimento de barragem na Bahia — Foto: Secom/GOVBA
Imagens aéreas mostram rompimento de barragem na Bahia — Foto: Secom/GOVBA

Na quinta-feira (11), após o rompimento da Barragem de Pedro Alexandre, a água deixou a ponte totalmente submersa e invadiu casas que ficam nas proximidades do rio. Os moradores ficaram mais de 18h “ilhados”. Os moradores precisaram deixar as casas e estão alojados nas escolas municipais, que seguem com aulas suspensas. Conforme o prefeito Carlinhos Sobral, entre 100 e 150 famílias estão desalojadas. Vinte e sete casas foram interditadas pois correm rico de desabar, de acordo com os bombeiros. Nas residências mais atingidas, a água chegou a quase dois metros de altura. No início da noite de sexta-feira, o Corpo de Bombeiros aumentou a área isolada em torno do Rio do Peixe, na cidade de Coronel João Sá por conta do risco de novos rompimentos de barragens na região e da possibilidade de aumento do nível do rio do peixe.

Lama espalhada pela cidade de Coronel João Sá, na manhã de sexta-feira (12) — Foto: Alan Tiago/G1
Lama espalhada pela cidade de Coronel João Sá, na manhã de sexta-feira (12) — Foto: Alan Tiago/G1

Pela manhã de sexta, a área isolada em torno da ponte por onde passa o rio, em Coronel João Sá era de cerca de 20 metros. No início da noite, no entanto, a área isolada passou para mais de 500 metros. A informação sobre o risco de novos rompimentos foi passada pelo major Ramon Diego, com base em análise de técnicos da Defesa Civil, e também pelo governador da Bahia, Rui Costa, que esteve no município avaliando os danos provocados pela inundação. Por volta das 17h de sexta, o Corpo de Bombeiros orientou que os moradores evacuassem o local. De acordo com o governador, a medida foi tomada para evitar maiores danos à população. O Governo Federal reconheceu a situação de emergência e calamidade pública das cidades de Coronel João Sá e Pedro Alexandre, na sexta, após o rompimento da barragem do Quati.

Barragem em cidade na Bahia se rompeu e deixou 500 desalojados — Foto: Arte/G1
Barragem em cidade na Bahia se rompeu e deixou 500 desalojados — Foto: Arte/G1
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