Feito inédito indica avanço da pauta progressista apesar da eleição de um Parlamento de maioria conservadora
O Congresso que emerge das eleições deste ano é majoritariamente bolsonarista. O PL do presidente Jair Bolsonaro elegeu as maiores bancadas na Câmara e no Senado. Os movimentos progressistas, contudo, conseguiram um feito histórico: pela primeira vez a Câmara dos Deputados terá duas mulheres transexuais em seus quadros, eleitas por São Paulo e Minas Gerais. Outras três trans foram eleitas a cargos de deputadas estaduais em São Paulo, Rio de Janeiro e no Sergipe.
Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) serão as deputadas federais trans da próxima legislatura. Erika foi eleita em 2018 para um mandato coletivo na Alesp. Neste ano, ela teve cerca de 256.000 votos para a Câmara dos Deputados. Já Duda foi a vereadora mais votada de Belo Horizonte em 2020, sendo a primeira mulher trans a ocupar uma cadeira na Câmara dos Vereadores da capital mineira. Na eleição deste ano, ela obteve cerca de 208.000 votos.
Este ano houve uma candidatura recorde de pessoas trans e LGBTQI+ em geral. Como Veja mostrou, foram ao menos 58 candidaturas com esse perfil nas eleições deste ano, segundo levantamento da ONG VoteLGBT. “[Foi] Um resultado promissor e que nos faz seguir em frente, na defesa da democracia, dos direitos humanos e do estado laico, atentas ao lugar que historicamente travestis ocupam em nossa sociedade”, registrou a Antra, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais.
Em Pernambuco, a advogada travesti Robeyoncé, do PSOL, que é co-deputada estadual em um mandato coletivo, recebeu 80.732 votos para a Câmara dos Deputados e ficou com a primeira suplente do estado. Ela foi mais votada do que seis dos 25 deputados federais eleitos pelo Estado.
Já para os cargos de deputadas estaduais, foram eleitas a vereadora Linda Brasil (PSOL-SE) para a assembleia do Sergipe, a professora Dani Balbi (PCdoB-RJ) para a assembleia do Rio e a vereadora Carolina Iara (PT-SP), para a Alesp. (veja)