Confusão mental, dificuldade de concentração e esquecimento. É muito provável que você já tenha ouvido que uma pessoa que desenvolveu covid-19 apresentou algum desses sintomas mesmo depois de ter se curado. Essas sequelas formam um quadro conhecido como “névoa mental” e são os sintomas mais comuns após a infecção. Três em cada quatro infectados apresentam algum tipo de “condição pós-covid” por até seis meses.
A informação foi revelada pelo médico Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e técnico assessor do Ministério da Saúde. “O quadro remete a uma série de condições, principalmente do ponto de vista neurológico, cardiovascular e pulmonar, de sequelas temporárias ou permanentes, em decorrência da covid-19”, explicou o infectologista.
Alexandre Naime adiantou que o Ministério da Saúde vai publicar, nos próximos dias, uma nota técnica em que caracteriza pela primeira vez a condição pós-covid e abordagens de tratamento. “Teremos uma definição de caso porque boa parte da população teve covid e a procura por unidades de saúde é bastante grande. Fazendo uma revisão da literatura médica, temos que a cada quatro casos de covid-19, três deles apresentam algum tipo de sintoma pós-covid”, revela.
Para ser considerada sequela do vírus, é preciso que outros fatores causadores sejam descartados ao longo do diagnóstico. A vacinação completa diminui as chances de sintomas.
“São sequelas muito comuns, que podem durar entre três e seis meses ou até serem permanentes. Além das neurológicas, os pacientes podem apresentar sintomas psiquiátricos, como depressão e transtorno de ansiedade”, ressaltou Alexandre Naime. As abordagens de tratamento para as sequelas dependem do quadro que cada paciente apresenta.
“O tratamento é focado em qual domínio houve complicação. Se for relacionado a esfera neurológica, por exemplo, o tratamento é uma reabilitação feita com terapia cognitiva, jogos lúdicos e psicoterapia. A abordagem é sempre multiprofissional e interdisciplinar”, explicou o infectologista.
O tema foi abordado em um evento promovido pela Pfizer, no Museu Catavento, em São Paulo, na quinta-feira (7). O CORREIO foi convidado para participar de uma coletiva de imprensa, em que foram divulgados dados da pesquisa ‘Covid-19 hoje: por que a população não vacinada ainda hesita em se proteger?’.
De acordo com a pesquisa, 47% das pessoas que não completaram o esquema vacinal na Bahia sabem que não ficaram totalmente protegidas contra a doença. Foram ouvidas 144 pessoas em Salvador e na Região Metropolitana entre os dias 27 de setembro e 14 de outubro. (Correio24h)