Em uma iniciativa inédita para o fortalecimento da diversidade e equidade no Sistema Único de Saúde (SUS), a Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com universidades federais e apoio do Ministério da Educação (MEC), lançou o curso online gratuito “Letramento Racial para Trabalhadores do SUS”.
No contexto das comemorações ao Dia da Consciência Negra como feriado nacional pela primeira vez este ano, a formação é uma resposta à necessidade de desconstruir práticas racistas e fortalecer a produção de ações antirracistas dentro do campo da saúde.
Coordenado pelas professoras Regimarina Reis e Letícia Batista, da Fiocruz e UFF, respectivamente, o curso aborda temas cruciais como as relações entre racismo e saúde como direito no Brasil e a prática antirracista como princípio do trabalho em saúde.
A formação visa reconhecer e questionar estereótipos, preconceitos e discriminações raciais, destacando a urgência de combater o racismo estrutural que impacta a saúde pública no país.
A iniciativa é fruto do edital Inova Educação – Recursos Educacionais Abertos da Fiocruz e conta com cerca de 7 mil inscritos de todas as 27 unidades da Federação. A professora Regimarina Reis explica que o curso é um processo formativo introdutório, abrangendo desde questões sociais até os processos de saúde e adoecimento no Brasil.
“O racismo é um obstáculo central para a realização da saúde como direito no país e deve ser enfrentado em todas as esferas da sociedade, incluindo o trabalho em saúde”, afirma.
Dados do Censo Demográfico 2022 do IBGE mostram que, apesar de 55,5% da população brasileira se identificar como negra, pessoas negras ainda enfrentam desvantagens significativas no acesso aos serviços de saúde em comparação com pessoas brancas.
Apenas 74,8% das pessoas pretas e 73,3% das pardas consultaram um médico nos 12 meses anteriores, enquanto entre pessoas brancas, essa proporção sobe para 79,4%.
“Este curso é um passo importante para que mais práticas antirracistas sejam adotadas nos serviços de saúde, desafiando o racismo estrutural presente tanto na sociedade quanto nas instituições públicas”, completa Reis.