A maior parte das vítimas do esquema de descontos indevidos em benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é formada por aposentados da zona rural. Segundo a Polícia Federal, 67% dos afetados vivem em áreas rurais e sofreram prejuízos que somam mais de R$ 2,87 bilhões entre janeiro de 2019 e março de 2024.
De acordo com a investigação, os autores das fraudes encontravam maior facilidade para atuar nessas regiões, onde obstáculos como dificuldade de acesso à internet e distância dos postos de atendimento do INSS dificultavam a identificação e contestação dos descontos pelas vítimas.
Nas áreas urbanas, os casos representaram 33% do total, com perdas estimadas em R$ 1,41 bilhão. No total, os valores descontados ilegalmente de aposentados e pensionistas em todo o país ultrapassam R$ 4,28 bilhões.
O inquérito da Polícia Federal também apontou que, em alguns municípios, mais da metade dos aposentados foi atingida pelas cobranças indevidas. Entre os 186 municípios analisados, 19 — todos nos estados do Maranhão e Piauí — apresentaram índice superior a 60% de beneficiários afetados.
Grande parte das cobranças ocorreu por meio de mensalidades associativas repassadas a entidades sindicais e organizações. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) foi a principal beneficiária, tendo recebido cerca de R$ 2,1 bilhões — valor que corresponde a 48% do total movimentado por essas entidades no período.