Dólar cai 1% com estrangeiros atraídos por juros e commodities

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O dólar comercial à vista fechou em queda de 1,03%, cotado a R$ 5,1680 na venda

O real alcançou nesta sexta-feira (5) a maior valorização frente ao dólar em relação às principais moedas, além de ocupar a terceira posição entre as divisas de países emergentes que mais subiram no dia, atrás do rublo da Rússia e do baht tailandês.

Uma combinação de alta nos preços das commodities e expectativa sobre a manutenção de uma taxa de juro real elevada nos próximos meses favoreceu a entrada de capital estrangeiro no Brasil, segundo analistas.

Esse movimento colocou o mercado doméstico na contramão das principais economias, que tiveram desvalorização das suas moedas e perdas nas bolsas.

O dólar comercial à vista fechou em queda de 1,03%, cotado a R$ 5,1680 na venda. No acumulado desta semana, houve ligeiro recuo de 0,10%.

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de valores subiu 0,55%, a 106.471 pontos. Esta é também a maior pontuação do indicador desde 9 de junho. Isso o levou a uma alta semanal de 3,21%.

Nesta sexta, o índice que compara o dólar com as principais moedas subiu 0,82%. A força no exterior da divisa americana é atribuída por analistas à criação acima do esperado de vagas de trabalho nos Estados Unidos em julho.

A taxa de desemprego nos EUA caiu para 3,5%, a mínima registrada desde antes da pandemia. Isso indica que a economia americana não estava em recessão, apesar de duas quedas trimestrais consecutivas do PIB (Produto Interno Bruto).

Investidores voltaram a considerar que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) manterá o nível semelhante de aumento da sua taxa de juros das duas últimas reuniões, de 0,75 ponto percentual.

“O mercado de trabalho voltou a mostrar força e abriu caminho, mais uma vez, para a o Fed fazer o que tem que ser feito com o juro em busca da convergência da inflação para a meta”, comentou Étore Sanchez, da Ativa Investimentos.

Juros mais altos aumentam a rentabilidade dos títulos do Tesouro dos EUA e valorizam a moeda do país, explica Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest.

“Contudo, a valorização das commodities trouxe fluxo para os mercados emergentes”, disse Quartaroli, ao explicar a virada positiva da taxa de câmbio brasileira, que chegou a recuar após os dados de emprego nos Estados Unidos. “Foi mais um dia de volatilidade.”

Contratos futuros de minério de ferro avançavam quase 5% no início da noite, enquanto o preço de referência do petróleo tinha ligeira recuperação após fortes baixas. O barril do Brent subia 0,19%, a US$ 94,30 (R$ 491,85).

A mineradora Vale e a petroleira Petrobras subiram 1,30% e 1,93% e foram as companhias com maior influência positiva no ganho diário da Bolsa de Valores brasileira, que se descolou do exterior.

Em Nova York, o indicador parâmetro da Bolsa, o S&P 500, caiu 0,16%. Na Europa, houve queda de 0,78% do índice que acompanha as 50 principais empresas de países que possuem o euro como moeda. A Bolsa de Londres cedeu 0,11%.

O otimismo predomina no mercado financeiro brasileiro desde a véspera, com investidores avaliando o comunicado do Banco Central da última quarta-feira (3), quando elevou a taxa Selic a 13,75% ao ano.

Embora a autoridade monetária tenha deixado a porta aberta para um novo aumento em setembro, o mercado está considerando que haverá uma pausa no aperto ao crédito.

A alta da Selic reforçou a posição do Brasil como líder do ranking mundial de juros reais, posição que ocupa desde a reunião de maio do comitê monetário do Banco Central, segundo levantamento do portal MoneYou e da gestora Infinity Asset Management.

Para chegar ao juro real -taxa nominal descontada a inflação-, o estudo considerou projeção de alta dos preços ao consumidor para os próximos 12 meses, assim como as taxas negociadas no mercado de juros com vencimento também em 12 meses.

A relação entre uma taxa significativamente elevada a ser mantida nos próximo meses e a expectativa de desaceleração da inflação posicionam o Brasil como um destino promissor para investimentos estrangeiros, segundo Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. É o chamado diferencial de juros.

“O Brasil é um dos países mais seguros, em termos de mercados emergentes, para se aplicar neste momento”, comentou Vieira. “Também existe a vantagem do Brasil, nesse contexto de rendimento, obviamente, com a melhor taxa real do mundo”, disse. (BNews)

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