Em uma nova sessão de maior aversão ao risco nos mercados globais, o dólar voltou a ganhar força frente ao real nesta sexta-feira (6), enquanto as ações nas Bolsas dos Estados Unidos e do Brasil fecharam o dia em queda.
O dólar comercial registrou valorização de 1,17% frente ao real, cotado a R$ 5,074 para venda. Na semana, a moeda norte-americana acumulou valorização de 2,65%, mas ainda com uma queda de 9% ante o real em 2022.
Já o índice amplo de ações Ibovespa teve um desempenho relativo melhor que os pares internacionais, beneficiado pela alta acima de 3% das ações da Petrobras, e terminou o pregão com perdas moderadas de 0,16%, aos 105.134,73 pontos. O índice encerrou a semana com perda acumulada de 2,54% no período, levando os ganhos no ano para apenas 0,3%.
Segundo João Frota Salles, analista da Senso Investimentos, a debandada do capital estrangeiro e os institucionais em busca de alocação em renda fixa em um quadro de aversão ao risco contribuem para o desempenho fraco da Bolsa.
“Embora os resultados de empresas representativas para o índice tenham sido robustos, como da Petrobras e do Bradesco, por exemplo, os investidores seguem preocupados com a desaceleração global, diante do quadro inflacionário e da China enfrentando novo surto de Covid-19”, diz o especialista.
Pesou ainda para o humor dos investidores globais dados divulgados nesta manhã que indicaram um mercado de trabalho forte nos Estados Unidos.
Os números reforçam a percepção de investidores sobre a necessidade de um aperto monetário mais agressivo a ser conduzido pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), com impactos negativos de juros mais altos para o ritmo da atividade econômica.
Em reunião nesta quarta, o Fed elevou a taxa em 0,50 ponto percentual, para um intervalo entre 0,75% e 1% ao ano, e, apesar de o presidente do BC americano, Jerome Powell, ter declarado não considerar um aumento no ritmo de altas para 0,75 ponto, o mercado parece não ter comprado a versão do dirigente.
O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos informou nesta sexta que foram criados 428 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em abril. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 391 mil vagas. A taxa de desemprego permaneceu em 3,6%.
Nas Bolsas americanas, o S&P fechou em queda de 0,57%, enquanto o Dow Jones cedeu 0,30%. Já o Nasdaq, que teve na véspera a maior queda desde junho de 2020, recuou 1,40%.
Na semana, o S&P 500 acumulou desvalorização de 0,20%, e o Dow Jones, de 0,23%. O Nasdaq marcou perdas de 1,54%. Foi a quinta semana de queda consecutiva dos índices S&P 500 e Nasdaq, a pior sequência semanal desde junho de 2011 e novembro de 2012, respectivamente.
“O receio de que o Fed não consiga controlar a inflação sem levar a maior economia do mundo a uma recessão, combinado à piora das perspectivas com o crescimento do PIB chinês e à forte incerteza sobre o futuro da guerra no leste europeu estão constituindo uma tempestade perfeita no cenário para investidores, que estão preferindo descarregar suas carteiras de posições de risco”, apontam os analistas da Guide Investimentos, em relatório.
MERCADO LOCAL
Na Bolsa brasileira, as ações da Petrobras destoaram do mau humor global e operaram em alta firma durante toda a sessão, o que contribuiu para o melhor desempenho do Ibovespa em comparação ao mercado global. As ações ordinárias da estatal avançaram 3,78%, enquanto as preferenciais tiveram ganhos de 3,28%. (BNews)