A cotação do dólar abriu em alta nesta sexta-feira (7) e chegou ao patamar inédito de R$ 4,32. Por volta das 12h05, a moeda sobe 0,8%, a R$ 4,322, nível recorde. O dólar turismo está a R$ 4,49, alta de 0,9%.
O movimento reflete a combinação do corte de juros no Brasil com a melhora da economia americana, o que fortalece o dólar ante o real. Nesta manhã, foi divulgada a criação de 225 mil vagas de emprego nos Estados Unidos em janeiro, bem acima da estimativa da economistas ouvidos pela Bloomberg, que esperavam 165 mil novas vagas.
O recorde do dólar, porém, é nominal. Em termos reais (corrigidos pela inflação), a moeda americana ainda está longe de sua máxima de 2002. Se for considerado apenas o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, o pico de R$ 4 naquele ano, equivale a cerca de R$ 10,80 hoje. Caso também seja levada em conta a inflação americana, o valor corrigido seria cerca de R$ 7,50.
Enquanto a economia americana acelera, a inflação Brasileira registrou a menor variação para janeiro desde o início do Plano Real, em julho de 1994. Segundo dados do IBGE divulgados nesta sexta, a inflação de janeiro registrou alta de 0,21%, abaixo da expectativa do mercado.
De acordo com Cleber Alessie Machado, operador da Commcor, o movimento cambial desta sessão reflete uma “reação limitada” à inflação, já que o arrefecimento dos preços -que pode gerar redução do diferencial de juros entre Brasil e concorrentes -foi compensado pela sinalização do Banco Central de uma interrupção no seu ciclo de cortes de juros.
Na quarta (5), o Copom reduziu a Selic para 4,25% ao ano, nova mínima histórica. A queda na taxa básica de juros contribui para a depreciação do real por meio do carry trade, prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros, pois o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país, no caso, os EUA, para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior, o Brasil. Com juros baixos no Brasil, essa operação deixa de ser vantajosa e estrangeiros retiram seus recursos, em dólar, do país, o que eleva a cotação da moeda.
No exterior, o dólar se valoriza contra boa parte das principais moedas, especialmente emergentes.
“É um movimento global: o dólar sobe lá fora, e, ao mesmo tempo, há uma dinâmica ruim no cenário doméstico para o real. Nosso diferencial de juros é muito ruim em relação a nossos pares, não há fluxo estrangeiro -na verdade, há saídas- e não temos grau de investimento”, diz Machado.
Entre 11h30 e 11h40 desta sexta, o Banco Central ofertou até 13 mil contratos de swap cambial para rolagem do vencimento abril de 2020.
A Bolsa brasileira opera em queda de 1%, a 113.980 pontos, alinhada com o exterior negativo pelo temor ao efeito econômico do coronavírus.
Também pesa o forte declínio da produção industrial na Alemanha. Em dezembro, a indústria no país caiu 3,5%, maior queda em uma década. Economistas previam um leve declínio de 0,2%. O dado reforça a percepção do mercado de que a economia alemã possa entrar em recessão. (Noticias ao Minuto)