É #FAKE que vacina das farmacêuticas Pfizer e BioNTech para Covid-19 cause infertilidade em mulheres

É #FAKE que vacina das farmacêuticas Pfizer e BioNTech para Covid-19 cause infertilidade em mulheres — Foto: Reprodução

Viralizou nas redes sociais uma mensagem alarmista que diz que a vacina das farmacêuticas Pfizer e BioNTech para a Covid-19 causa infertilidade em mulheres. É #FAKE.

 — Foto: G1
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A mensagem falsa cita de forma incorreta a proteína spike, da estrutura do coronavírus, que cobre sua superfície e permite a entrada do vírus em células humanas. O texto diz assim: “Urgente. A vacina para a Covid-19 é a esterilização feminina, denunciam especialistas”.

O texto pede a “suspensão imediata de todos os estudos do estudo da BioNTech/Pfizer sobre BNT162″. “A vacina contém uma proteína spike chamada sincitina-1, vital para a formação da placenta humana em mulheres. Se a vacina funcionar de modo a formarmos uma resposta imunológica contra a proteína spike, também estaremos treinando o corpo feminino para atacar a sincitina-1, o que pode levar à infertilidade em mulheres por um período não especificado”, diz o boato.

Procurada pela CBN, a Pfizer – empresa que já tem fornecido o imunizante para o Reino Unido, que iniciou a imunização de grupos preferenciais nesta terça (8) – rechaça todo o conteúdo da mensagem viral. Um virologista e um infectologista entrevistados também explicam que não há por que mulheres temerem a vacina.

“A proteína spike tem essa denominação por apresentar uma característica em formato de coroa, o que confere o nome ao coronavírus. Essa proteína viral é o principal alvo de anticorpos do nosso organismo, uma vez que temos a infecção pelo coronavírus. O mRNA, RNA mensageiro utilizado na vacina BNT 162b2, desenvolvida pela Pfizer e pela BionTech, é baseado exclusivamente no código genético da proteína spike do novo coronavírus”, afirma a fabricante, em nota enviada à CBN.

O comunicado da empresa explicita que não há comprometimento do material genético de quem toma a vacina: “A partir dele, instruções são transmitidas para as células do corpo produzirem especificamente a proteína spike semelhante à do vírus. Essa proteína spike, que será produzida pelo corpo, induzirá o organismo a produzir anticorpos contra o vírus, deixando o organismo apto a se defender na eventualidade de ter contato com o vírus. O mRNA não se integra ao material genético humano, é facilmente degradado pelo organismo e, por isso, é considerado seguro. Não há material genético humano envolvido em sua síntese”.

O virologia Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, sublinha que a mensagem falsa se vale do desconhecimento da população sobre o coronavírus e sobre o funcionamento de vacinas: “Essa informação falsa tenta se embasar em alguns conceitos conhecidos por quem estuda o assunto. Primeiro, nenhuma das vacinas contém essa proteína, a sincitina. Segundo, comparando a sequência dela com a spike do Sars-CoV-2, bancos de dados não identificam que elas possam ser parecidas.”

Ele ratifica que não há embasamento científico para a afirmação de que anticorpos produzidos por uma gestante durante a infecção pelo coronavírus possam causar perda gestacional ou infertilidade feminina.

“Essa proteína sincitina é importante para o desenvolvimento fetal e, de fato, respostas aberrantes do nosso sistema imune contra elementos do desenvolvimento fetal podem ser fatais ao feto. Entretanto, não há indícios ou evidências de que respostas imunes contra o coronavírus que nosso corpo produz durante a infecção coloquem gestações em risco. Se o cenário desta fake news fosse real, veríamos um cenário de abortos ou má formações gerados pela pandemia, o que até agora não aconteceu”, diz.

O cientista lembra ainda que, se a infecção pelo vírus não gera esse cenário, vacinas derivadas do vírus também não causarão. Conforme explica Neris, esse fenômeno já é investigado há mais de duas décadas, “relacionado a outros vírus, como os da hepatite, do HIV e do coronavírus de animais”.

O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que não há por que desconfiar do efeito da vacina em relação à fertilidade humana. “A proteína spike é própria do coronavírus, e não há nenhuma similaridade dessa sequência da proteína com proteínas humanas, placentárias, células de desenvolvimento na gestação. É uma bobagem grande que está sendo disseminada.”

De acordo com o médico, as semelhanças que existem são com estruturas de outros coronavírus. “Inclusive, se imaginava que essa similaridade poderia gerar alguma proteção cruzada com outros coronavírus, como o que causa a Sars (detectado em 2003) ou Mers (2012). Mas isso nunca foi demonstrado pela ciência. Não há plausibilidade biológica nesse texto falso.”

A equipe do Fato ou Fake já desmentiu a informação de que vacinas para a Covid-19 são capazes de alterar o DNA humano, nos transformando em seres geneticamente modificados. Diferentes versões já circularam com esta tese fantasiosa.

Vale lembrar que a vacina da Pfizer/BioNTech é a primeira em uso no mundo ocidental. O Reino Unido começou a imunização nesta terça. O país comprou 40 milhões de doses – serão duas para cada pessoa. Na segunda (7), o Ministério da Saúde brasileiro divulgou que deve assinar ainda nesta semana o protocolo de intenção de compra de 70 milhões de doses do mesmo imunizante para 2021. (G1)

É #FAKE que vacina das farmacêuticas Pfizer e BioNTech para  Covid-19 cause infertilidade em mulheres — Foto: Reprodução
É #FAKE que vacina das farmacêuticas Pfizer e BioNTech para Covid-19 cause infertilidade em mulheres — Foto: Reprodução

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