Em 2022, desigualdade de gênero nos afazeres domésticos com pessoas seguiu em alta na Bahia

Historicamente, no Brasil e em todos os estados, a proporção de mulheres que realizam afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas é maior do que a de homens

Foto: Reprodução

Após os dois anos mais agudos da pandemia de COVID-19 (2020 e 2021), em 2022, as desigualdades entre mulheres e homens na realização de afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas voltaram a crescer na Bahia, tanto no que diz respeito à proporção das pessoas que executavam esse tipo de trabalho não remunerado quanto ao tempo semanal dedicado a essas atividades.

Historicamente, no Brasil e em todos os estados, a proporção de mulheres que realizam afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas é maior do que a de homens.

No ano passado, na Bahia, 91,3% das mulheres de 14 anos ou mais de idade realizavam essas formas de trabalho, enquanto entre os homens a proporção era de 75,0%, o que significava uma taxa 16,3 pontos percentuais (pp) maior para elas.

No país como um todo, a diferença era menor: 92,1% das mulheres realizavam afazeres e/ou cuidados, frente a 80,8% dos homens (+11,3 pp para elas).

Frente a 2019, a taxa de realização de afazeres ou cuidados caiu para todas as pessoas, mulheres e homens, mas, na Bahia, o recuo masculino foi um pouco mais intenso do que o feminino, por isso a diferença por sexo cresceu. Antes da pandemia, no estado, 76,6% dos homens e 92,7% das mulheres realizavam afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas (16,1 pp a mais para elas).

Foi o segundo crescimento consecutivo da desigualdade por sexo na proporção de quem realizava afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, na Bahia. Ela já havia subido de 2018 para 2019, após ter recuado por dois anos, entre 2016 e 2018.

Ainda que o aumento não tenha sido grande, ele foi na contramão do que ocorreu em nível nacional. No Brasil como um todo, a taxa de realização de afazeres e/ou cuidados de pessoas das mulheres recuou mais do que a dos homens, e a diferença por sexo nesse indicador diminuiu um pouco. Também foi suficiente para fazer a Bahia subir duas posições no ranking dessa desigualdade, de 8a maior diferença por sexo antes da pandemia para 6a maior depois da pandemia.

Entre os dez estados com maiores diferenças por sexo na taxa de realização de afazeres e/ou cuidados, oito são do Nordeste. Apenas o Rio Grande do Norte fica de fora desse top-10, em 12o lugar.

Em 2022, na BA, mulheres dedicavam 23,1 h/semana a afazeres e/ou cuidados, mais que o dobro do tempo dos homens (10,9h). Diferença cresceu frente a 2019

Além de realizarem proporcionalmente mais afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas, as mulheres também dedicam, em média, muito mais tempo a essas formas de trabalho não remunerado dos que os homens. É assim em todo o Brasil.

Mas a Bahia foi um dos cinco estados onde essa desigualdade por sexo no número de horas dedicadas a afazeres e/ou cuidados cresceu entre 2019 e 2022, passando a ser a 4a maior diferença do país, no ano passado.

Em 2022, na Bahia, as mulheres dedicavam, em média, 23,1 horas semanais a afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas no próprio domicílio ou na casa de parentes. Era mais do que o dobro (+12,2 horas) do tempo dos homens: 10,9 horas.

Antes da pandemia, em 2019, embora já fosse mais do que o dobro, a diferença era menor: de mais 11,3 horas semanais para as mulheres, que dedicavam 21,2 horas frente a 9,9 horas dos homens.

Mais uma vez, o estado foi na contramão do país como um todo e de 21 das 27 unidades da Federação, onde houve redução nessa desigualdade (o Amapá teve estabilidade nesse indicador, entre os dois anos).

No Brasil, em 2022, as mulheres dedicavam em média 21,3 horas semanais a afazeres e/ou cuidados, 9,6 horas a mais do que os homens (11,7 horas). Em 2019, a diferença era de 10,6 horas a mais para elas.

De 2019 para 2022, a Bahia também subiu no ranking da desigualdade por sexo no tempo dedicado a afazeres e/ou cuidados, de 10a para a 4a maior. Mais uma vez, dos dez estados com as maiores diferenças, oito são do Nordeste. Apenas o Maranhão (+9,1 horas para as mulheres) fica de fora, na 12a posição.

Na Bahia, somando trabalho remunerado e afazeres e/ou cuidados, as mulheres trabalham quase 4 horas a mais por semana do que os homens

Mesmo quando têm um trabalho remunerado (isto é, estão ocupadas), as mulheres ainda dedicam, em média, muito mais tempo aos cuidados com a casa e/ou outras pessoas do que os homens.

Na Bahia, em 2022, as mulheres ocupadas que realizavam afazeres e/ou cuidados, trabalhavam “fora” em média 33,0 horas por semana e ainda dedicavam outras 19,0 horas semanais aos afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas, somando 52,0 horas semanais nas duas formas de trabalho.

Já os homens ocupados que realizavam afazeres e/ou cuidados trabalhavam “fora” mais horas que as mulheres (37,9 horas ou 4,9 horas a mais), mas dedicavam à casa bem menos tempo do que elas (10,3 horas ou 8,7 horas a menos). Somavam, assim, 48,2 horas nas duas formas de trabalho – 3,8 horas a menos do que as mulheres.

Essa diferença praticamente não se alterou frente a 2019, quando era de menos 3,9 horas semanais nas duas formas de trabalho, para os homens. Na Bahia, ela seguia, em 2022, um pouco maior do que no país como um todo.

No Brasil, as mulheres que tinham uma ocupação remunerada e realizavam afazeres e/ou cuidados trabalhavam por semana um total de 53,5 horas, somando as atividades remuneradas e não remuneradas. Já os homens, nas mesmas condições, trabalhavam um total de 51,3 horas semanais, ou 3,2 horas a menos. (bahia.ba)

Historicamente, no Brasil e em todos os estados, a proporção de mulheres que realizam afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas é maior do que a de homens

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