Empresário Thiago Brennand, acusado de agredir modelo, é preso nos Emirados Árabes

Ele estava foragido desde 27 de setembro e tinha sido incluído na lista da Interpol

O empresário e herdeiro Thiago Brennand, foragido desde 27 de setembro, foi preso nos Emirados Árabes. Ele aparece em um vídeo agredindo a modelo Helena Gomes após uma discussão em uma academia, em São Paulo.

A prisão do empresário foi confirmada pela delegada Ivalda Oliveira Aleixo, do Departamento de Capturas da Polícia Civil de São Paulo, ao g1.

Thiago tentou intimidar uma integrante do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que deu parecer pelo arquivamento de uma denúncia dele contra uma mulher por suposta extorsão e denunciação caluniosa. Em e-mail enviado à 2ª Vara Criminal, ele intimidou uma promotora alegando que tomaria medidas junto aos órgãos da Corregedoria, caso não desse andamento à denúncia apresentada por ele.

O caso se passou em junho deste ano, antes de Brennand ter sido denunciado pela agressão à modelo Helena Gomes, na academia de um shopping da capital. O empresário entrou com pedido de abertura de ação criminal contra a mulher, que o havia acusado de crime sexual, mas não teria apresentado provas. A promotora deu parecer pelo arquivamento do pedido.

Contrariando a regra de que as manifestações devem acontecer nos autos do processo, no dia 21 de junho, ele enviou mensagem para o e-mail da promotora pública Daniela da Silveira Fávaro contestando o parecer pelo arquivamento. A reportagem teve acesso às mensagens.

“V.Exa negou por duas vezes o prosseguimento de inquérito policial, com duras e robustas provas, atacando frontalmente todo o sistema judiciário brasileiro. É dizer: se a mim me for negado o direito à continuidade do inquérito, e de produção de provas, uma vez avaliadas as provas produzidas naquele exíguo espaço de tempo do apuratório em tela, qual outro inquérito policial merece prosperar?”, indaga.

Em outro ponto, ele afirma que a promotora “maculou” sua honra. “Disse que a versão da vítima, no caso eu, não condizia ‘minimamente’ com a verdade e ainda me classificou como moleque, no parágrafo final, aduzindo que eu deveria resolver minhas pendengas como adulto, sem desperdiçar o erário através do mau uso do Poder Judiciário.”

Interpol
A Justiça de São Paulo determinou a inclusão do nome de Thiago Brennand Fernandes Vieira na lista de procurados da Interpol, organização internacional de polícia criminal. O brasileiro é considerado foragido desde que teve a prisão preventiva decretada, no dia 27 de setembro, devido à agressão à modelo.

Antes de ser denunciado, ele viajou para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e não atendeu à determinação da Justiça para que retornasse ao Brasil, a fim de responder pelas acusações que pesam contra ele. Brennand é acusado também de crimes sexuais. Ao menos dez mulheres o denunciaram por ameaças, cárcere privado e estupros. Desde o dia 26 de setembro, as vítimas prestam depoimentos ao MPSP.

Uma das mulheres já ouvidas acusou Brennand de tê-la estuprado, mantido em cárcere privado e obrigado a se submeter a uma sessão de tatuagem, em que o monograma com as iniciais dele foi gravado em seu corpo.

A Interpol tem 195 países membros que compartilham o acesso a dados sobre crimes e criminosos. As polícias estão conectadas através de um sistema de comunicação, conhecido como difusão vermelha, e têm acordo de suporte técnico e operacional inclusive para efetuar prisões. Os Emirados Árabes não estão na lista de países membros da Interpol.

Em março de 2019, o Brasil assinou um tratado de extradição com os Emirados Árabes. O tratado prevê a extradição instrutória, quando a pessoa processada criminalmente ainda não foi julgada, e a extradição executória, após sentença condenatória.

Embora dependa de trâmites legais para ganhar força de lei, a Justiça tem entendido que o protocolo de intenções formalizado entre os dois países já permite esse tipo de cooperação. (Correio)

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