Um erro administrativo do governo da província de San Luis, na Argentina, transformou o que seria o depósito de uma pensão alimentícia no valor de 8 mil pesos argentinos, cerca de R$ 40, em um escândalo jurídico com repercussão nacional.
A beneficiária, Verónica Acosta, recebeu indevidamente mais de 500 milhões de pesos (cerca de R$ 2,4 milhões) e, sem entender a origem da quantia, iniciou uma série de compras e transferências em poucas horas.
De acordo com o jornal El País, a moradora utilizou o valor para adquirir eletrodomésticos, utensílios domésticos, pisos de cerâmica, um carro e realizar 66 transferências bancárias. Parte do dinheiro também foi distribuída a cinco familiares, que agora são investigados junto com ela por fraude contra o Estado e retenção indevida de recursos públicos.
O depósito equivocado ocorreu no dia 6 de maio. Entre os itens adquiridos estavam uma geladeira, duas televisões, micro-ondas, fritadeira elétrica e até um assento de vaso sanitário.
A movimentação intensa e rápida na conta chamou a atenção do tesoureiro da província, que notificou as autoridades e acionou medidas para bloquear o restante dos recursos.
Mais de 90% do valor foi recuperado, parte por devolução voluntária e o restante com o bloqueio de contas bancárias e carteiras digitais. Apesar disso, a promotora Daniela Torres sustenta que houve intenção de esvaziar a conta em benefício próprio.
A juíza Antonela Panero estipulou uma fiança de 30 milhões de pesos argentinos (cerca de R$ 160 mil) para que os acusados evitem a prisão preventiva.
O advogado de Verónica, Hernán Echevarría, argumenta que a quantia exigida é “exorbitante” e “impossível de ser paga” por seus clientes, que, segundo ele, são pessoas humildes, sem antecedentes criminais. “Não se trata de uma quadrilha. Foi um erro do Estado, e agora querem transformá-los em criminosos”, afirmou ao El País.
Verónica também se manifestou à imprensa local, dizendo que pensou, inicialmente, que o valor depositado era de 500 mil pesos. “Depois percebi que eram milhões. Achei que fosse um presente de Deus. Usei o dinheiro para resolver problemas urgentes e ajudar minha família”, contou. Ela afirmou ainda que algumas compras já foram devolvidas.
As investigações seguem em curso e envolvem, além dos acusados, a análise de movimentações financeiras e a responsabilidade administrativa pelo erro.