Um vídeo gravado por um ex-conselheiro tutelar de Praia Grande, no litoral de São Paulo, ganhou repercussão negativa nas redes sociais. Nele, além de declarações racistas e gordofóbicas, ele cita o fato de uma deputada negra ter um cabelo “que não serve nem como palha de aço”. Ao G1, ele disse que ‘se expressou mal’. As imagens repercutiram no Facebook de Leste Silva, conhecido na cidade como Cabo Leste, na tarde de segunda-feira (18). Visivelmente revoltado, ele inicia o ‘desabafo’ tentando fazer uma relação entre o massacre ocorrido em Suzano (SP), na última semana, ao fato de isso ser atribuído à prática de bullying.
“Bullying quem pratica são esses jovens. Eu vejo umas gordas ridículas no ônibus, na via pública, usando bota preta, cabelo vermelho, cabelo ridículo, um jeito inadequado de andar na rua. Já que ela é gorda, porque ela não põe um vestido descente e seja como a maioria das pessoas? Não… Elas querem praticar o bullying comigo. Eu me sinto ‘embulado'”, esbraveja. Ainda no vídeo, Leste continua a dizer que se sente vítima de bullying que seria provocado, na visão dele, por negros. “Eu vejo agora na Câmara dos Deputados federais umas mulheres, da cor negra, com um cabelo que, gente, não serve nem como palha de aço. Não é a vassoura que eu uso aqui na minha cocheira. É pior”, completa, sem identificar quem seria a deputada.
Por fim, ele argumenta que a responsabilidade dos adolescentes é dos pais. “Se a culpa é dos pais, problema é deles. Eu tô dizendo que estou me sentindo ‘embulado’ de ver tanta gente ridícula e tanta gente falando porcaria nas redes sociais. Vamos cada um de nós cuidar dos nossos filhos?”, finaliza. Rapidamente, o vídeo ganhou um grande número de compartilhamentos e comentários contrários às declarações feitas por Leste, que apagou seu perfil no Facebook ainda na tarde de segunda-feira. Ao G1, ele disse que não tinha a intenção de prejudicar ninguém com a publicação. “Estava revoltado com a morte do Cabo Farias e com a violência da escola em Suzano. Fiquei muito chateado. Estava em forte emoção. Me expressei muito mal e fui muito infeliz na minha colocação”, completou ele, que foi conselheiro tutelar de Praia Grande até 2016 e, também, promove um projeto de equoterapia no município.
Leste explicou que, no momento da gravação, estava chateado com fato de ver, nas redes sociais, ‘pessoas colocando a vítima sem culpa e pessoas que cometem o crime sendo vítimas’. “Até brinco, falo ‘embulado’. Essa palavra nem existe. Tô me sentindo ofendido de ver tanta gente colocando coisa que não é verdadeira”, completa. “Sou uma pessoa do bem”, finaliza. Segundo informações da polícia, as declarações feitas pelo ex-conselheiro tutelar podem caracterizar crime de racismo e incitação de ódio. O caso está sendo acompanhado de perto pelas autoridades. (G1)