Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, o ex-motorista de Alexandre Frota (PSL), Marcelo Ricardo Silva, disse que assumiu, a pedido do atual parlamentar, a titularidade de duas empresas que eram de Frota em troca de promessas de compensações. O depoimento de Marcelo foi prestado em 28 de maio de 2019. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
De acordo com a reportagem, ele afirmou também que recebia, por orientação do vice-líder do PSL na Câmara, pagamentos de terceiros e os repassava para a mulher de Frota. Disse ainda que trabalhou na campanha eleitoral do parlamentar e que foi pago por empresários amigos de Frota, recursos que não foram declarados à Justiça Eleitoral. Marcelo chegou a ser lotado no gabinete de Frota por cerca de 20 dias em fevereiro, mas foi exonerado no final daquele mês.
Segundo o ex-funcionário, no período ele passou a ser remunerado por dois empresários amigos do deputado, um dono de uma concessionária em São Paulo e o outro diretor de uma escola. “Eu recebi [durante a campanha] o salário diretamente do empresário, quem tinha que pagar era o empresário”, disse.
A reportagem detalha que Frota assinou um contrato com o diretor-geral do colégio Canello Marques Eireli, Samerson Canello Marques, pelo qual a escola se comprometeu a pagar ao deputado R$ 12,5 mil em troca de uma palestra, para alunos do ensino médio, sobre “drogas e dependência química.” Marcelo afirma que o contrato foi feito para justificar o pagamento do seu salário.
Ao jornal, Samerson Canello disse que Frota deu de fato a palestra no colégio e que o valor acertado com o parlamentar pelo evento foi pago em parcelas ao longo de 2018. No entanto, ele disse que, a pedido de Frota, os depósitos foram feitos na conta de Marcelo Ricardo Silva. As parcelas pagas pelo diretor da escola ao ex-motorista variaram de R$ 1.500 a R$ 2.500.
Procurado pelo jornal, Frota negou irregularidades e se disse vítima de “práticas de ameaças e extorsão.” “Dessas condutas criminosas, em março de 2019, o deputado lavrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil de Cotia (SP) e uma representação perante a Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados (razão porque o mesmo está proibido de lá adentrar)”, respondeu o parlamentar, em nota. (Metro 1)