Explosão de meteoro sobre o Pacífico liberou energia equivalente a dez bombas de Hiroshima, diz Nasa

Foto: Getty Imagens

Foi o segundo maior incidente do tipo nos últimos 30 anos, e o maior desde o ocorrido em Chelyabinsk, na Rússia, há seis anos. Mas a explosão passou praticamente despercebida, porque se deu sobre o Mar de Bering, no extremo norte do oceano Pacífico (relembre aqui). A explosão de dezembro liberou uma quantidade de energia equivalente a dez vezes a explosão da bomba atômica lançada pelos EUA sobre Hiroshima, no Japão, em 1945. Lindley Johnson, chefe do departamento de defesa planetária da Nasa disse à BBC News que a queda de um meteoro tão grande na Terra é algo que ocorre duas ou três vezes a cada cem anos.

O que se sabe até agora?

Em 18 de dezembro, por volta do meio-dia no horário local, um asteróide entrou na atmosfera terrestre a uma velocidade de 32 km/s, em uma trajetória quase vertical, com apenas sete graus de inclinação.

Com vários metros de largura, o meteoro explodiu a 25,6 km da superfície da Terra, liberando uma energia equivalente a 173 kilotons, ou 173 mil toneladas de dinamite.

“Foi 40% da energia liberada em Chelyabinsk, mas este episódio ocorreu sobre o Mar de Bering, então, não teve o mesmo efeito nem foi noticiado pela imprensa”, diz Kelly Fast, gerente do programa do observação de objetos próximos da Terra da Nasa, que falou sobre este incidente recente na 50ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária, nos Estados Unidos.

“Isso é mais uma coisa que temos para nos defender: há muita água em nosso planeta.”

Satélites militares captaram a explosão no ano passado, e a Força Aérea americana notificou a Nasa do ocorrido.

Johnson disse que o meteoro caiu em uma área que não fica muito distante de rotas usadas por voos comerciais entre a América do Norte e a Ásia. Pesquisadores estão checando com empresas áreas se a explosão foi avistada.

Por que isso é importante?

Em 2005, o Congresso americano deu à Nasa a missão de encontrar 90% dos asteróides próximos da Terra com um tamanho de 140 metros ou mais até 2020.

Rochas espaciais grandes assim são chamadas de “problemas sem passaportes”, porque espera-se que afetem regiões inteiras se colidirem com a Terra. Mas cientistas estimam que levarão mais 30 anos para cumprir a meta estabelecida pelo Congresso.

Uma vez que um objeto em curso de colisão é identificado, a Nasa tem conseguido com sucesso calcular onde o impacto ocorrerá no planeta, com base em uma análise de um sua órbita.

Em junho de 2018, o asteroide 2018 LA, de três metros de largura, foi descoberto por um observatório no Arizona, nos Estados Unidos, oito horas antes do impacto.

O Laboratório de Propulsão da Jato (JPL, na sigla em inglês) do Centro de Estudos de Objetos Próximos da Nasa identificou sua órbita e a usou para calcular o local mais provável da colisão. Isso mostrou que a rocha deveria cair no sul da África.

Conforme calculado, o meteoro foi avistado sobre Botsuana por uma câmera de segurança de uma fazenda. Fragmentos foram encontrados depois nesta área.

Como o monitoramento pode ser aperfeiçoado?

O incidente sobre o Mar de Bering mostra que objetos maiores podem colidir com o planeta sem qualquer aviso, o que ressalta a importância de aperfeiçoar o monitoramento destes corpos espaciais.

Uma rede mais robusta necessitaria não apenas de telescópios em terra, mas também de observatórios espaciais.

Um conceito em desenvolvimento prevê o lançamento de um telescópio chamado NeoCam para um certo do ponto no espaço, de onde poderia identificar e analisar asteróides com mais de 140 metros.

Amy Mainzer, cientista-chefe do NeoCam no JPL, diz que, sem o lançamento do telescópio, projeções indicam que “levaremos muitas décadas para atingir a meta de 90% estabelecida pelo Congresso com os equipamentos terrestres existentes hoje”.

“Mas, se você tiver à disposição um telecópio com tecnologia infravermelha, o progresso será bem mais rápido.” (Paul Rincon da BBC News)

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