A delação da desembargadora Sandra Inês Rusciolelli e seu filho Vasco Rusciolelli apontou um suposto envolvimento do advogado e interventor do Esporte Clube Bahia, Carlos Rátis, em recuperação judicial. Rátis teria sido nomeado, pela juíza Maria do Rosário, namorada de Rátis, como perito em um processo da empresa Liz Construção, em possível favorecimento pessoal.
“Em que pese a obrigatoriedade dos peritos na realização de um cadastro prévio junto ao TJ-BA, verificou-se que os magistrados não seguiram a recomendação do Tribunal de Justiça, nomeando peritos judiciais não cadastrados no setor competente (…) determinados advogados são constantemente nomeados, inexistindo desta forma, qualquer oportunidade para que outros profissionais qualificados pudessem mostrar seus serviços na atuação como administrador judicial, em processos de recuperação e falência de empresas”, aponta trecho.
A delação revelou também que, o critério adotado nas recuperações seria pessoal e fere a norma do TJ-BA, sendo conduzido diretamente pelo desembargador Gesivaldo Brito e pela desembargadora Maria do Socorro”. “Outro ponto que destoa da moralidade e, em razão dos atos posteriores, corrobora com a possível prática de crimes de corrupção, consiste no curso realizado – sem custo – para Socorro e alguns juízes, pela maior empresa de recuperações judiciais do estado de São Paulo. Trata-se de um negócio milionário que se beneficiou através da indicação de juízes específicos, os quais têm a competência de nomear o administrador, mas, mesmo existindo regras no TJ-BA, as mesmas não são observadas, privilegiando-se advogados”, diz trecho.
Os delatores também comentaram que Rátis é constantemente nomeado em Camaçari e, que, logo após a primeira denúncia feita pela Procuradoria Geral da República, ele pediu desistência em todos os processos de interesse de José Valter Dias. “E, mais uma vez certificando sua ligação com o Adailton Maturino, foi flagrado na escuta em conversa com João Novaes. Rátis foi citado como tendo ajustado com o ‘Cônsul’, a remuneração de R$ 30.000,00, que seriam pagos mensalmente”, acrescenta.
Rátis é advogado de Adailton Maturino, também envolvido na Operação Faroeste, e teria sido flagrado em escuta telefônica, em conversa com o advogado João Novais, tratando sobre honorários, além de possuir relação particular com Gesivaldo Brito e com Maria do Rosário. Segundo a delação, mesmo sem “publicar suas credenciais e qualificação, foi designado como administrador judicial em alguns processos”. (BN)