O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) gerou controvérsia nesta terça-feira (19) ao declarar que “todo mundo já teve vontade de matar alguém” em um momento em que a Polícia Federal (PF) prendeu quatro militares e um policial federal sob suspeita de envolvimento em um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública, que discutia os presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro, Flávio Bolsonaro minimizou o caso. “Essa situação de hoje não era nem para ter inquérito aberto. Vontade de matar alguém todo mundo alguma vez na vida já teve. Por mais que seja abominável esse sentimento, isso não é crime”, afirmou o senador.
Ele continuou, dizendo que para que um crime seja considerado “tentado”, deve haver um fato concreto que impeça a execução do plano. “O que não aconteceu nesse suposto plano de assassinato de autoridade”, acrescentou.
A Polícia Federal revelou detalhes de um plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que visava assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. O plano foi elaborado e impresso no Palácio do Planalto, especificamente no gabinete da Secretaria-geral da Presidência, e envolveu o general Mário Fernandes, ex-número dois da pasta. Ele foi preso pela PF nesta terça-feira.
Em entrevista ao jornal O Globo, Flávio Bolsonaro procurou minimizar as responsabilidades dos envolvidos, alegando que os militares citados eram de “segundo ou terceiro escalão” e insistiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro não poderia ser responsabilizado pelas ações de outras pessoas. “Parece mais cortina de fumaça para vincular Bolsonaro de alguma forma e desgastar sua imagem política”, declarou.
O senador também voltou a argumentar que ter intenção de cometer um crime não é suficiente para caracterizar uma infração. “Por mais repugnante que seja pensar em matar alguém, não houve crime nenhum. Um crime precisa ter sido tentado, ter tido início”, disse Flávio.
Essa postura foi também adotada por seu irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que minimizou as descobertas da PF e sugeriu que palavras ditas “da boca para fora” não constituem crime. “Às vezes falamos coisas da boca para fora, não há crime nisso”, afirmou Eduardo, defendendo ainda uma anistia para resolver o “passivo” dos eventos golpistas.
O caso segue em investigação, e as declarações dos Bolsonaro continuam gerando reações intensas, com a oposição criticando a tentativa de minimizar o alcance das ações dos envolvidos no plano.