O goleiro do Bahia, Danilo Fernandes, recebeu alta médica no início da noite desta sexta-feira (25). O jogador que foi ferido no rosto com estilhaços de um artefato explosivo, durante um ataque ao ônibus do clube, deixou o Hospital Jorge Valente, em Salvador.
“Eu estou bem, o mais importante é que eu estou vivo, poderia ser uma tragédia muito pior. É só agradecer a Deus por estar vivo, agora é recuperar e vida que segue”, disse o jogador, na saída do hospital.
Danilo Fernandes foi socorrido logo após o ataque, na noite de quinta-feira (24), e ficou internado na unidade médica durante toda esta sexta. O jogador deixou o hospital em uma cadeira de rodas.
De acordo com o Bahia, o jogador recebeu 20 pontos entre orelha, rosto e perna por causa dos múltiplos ferimentos em seu corpo. À tarde ele precisou se submeter a um novo procedimento para retirada de mais um estilhaço encontrado no pescoço.
Agora, segundo o clube, ainda terá de se consultar com um especialista em oftalmologia.
Em entrevista para a TV Bahia, o goleiro contou que teve dificuldades para conseguir dormir na noite de quinta e se emocionou ao lembrar dos filhos.
“Até falei para a minha esposa, que quando eu estava pegando no sono, acho que caiu uma caneta no corredor e eu levantei da cama assustado pensando que era uma bomba. Aí já vem a lembrança dos meus filhos”, relatou…
Câmeras de segurança da região da Avenida Bonocô, em Salvador, flagraram o momento do crime. No vídeo, é possível ver dois carros na via e a ação de sete pessoas, que fogem após atirar os explosivos.
Os carros que aparecem nas imagens pertencem a membros da torcida organizada Bamor; um deles é do presidente do grupo, Half Silva. A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
O presidente da torcida organizada Bamor, do Esporte Clube Bahia, Half Silva, prestou depoimento na 6ª Delegacia de Brotas, em Salvador, na tarde desta sexta. Ele é considerado suspeito de envolvimento no crime.
Segundo informações do advogado de Half Silva, Otto Lopes, o líder da torcida organizada estava em Feira de Santana, onde assistia a partida entre Bahia de Feira e Coritiba, pela Copa do Brasil.
Ainda na noite desta sexta, outros dois integrantes da Bamor se apresentaram na delegacia e prestaram depoimento. Não há detalhes sobre o conteúdo da conversa entre eles e a delegada da unidade.
De acordo com o advogado Otto Lopes, os dois suspeitos jogavam futebol no momento do ataque ao ônibus do Bahia.
Interior do ônibus tem manchas de sangue e estilhaços
Um dia após o atentado com um artefato explosivo contra o ônibus do Bahia, a TV Bahia teve acesso exclusivo ao interior do veículo e registrou que ainda é possível ver manchas de sangue, estilhaços e pedaços de vidro pelo chão.
Um dos artefatos explosivos entrou pela janela do lado direito, onde ficam as últimas cadeiras do coletivo. Um assento chegou a ser rasgado e pedaços de vidro ficaram espalhados.
O veículo foi periciado ainda na quinta-feira na Arena Fonte Nova e, em seguida, foi levado a uma garagem na região de Itinga, próximo ao antigo Centro de Treinamento do Bahia, o Fazendão.
Danilo Fernandes teve cortes nos rosto, no braço e nas pernas
No começo da tarde desta sexta, o goleiro Danilo Fernandes postou foto nas redes sociais onde mostrou como ficou após o atentado. O goleiro questionou até quando esse tipo de violência seguirá ocorrendo.
“Pensei muito se postava isso ou não, mas é preciso (que) todos vejam o que realmente aconteceu. Graças a Deus estou bem, estou VIVO. Até quando?”, questionou o atleta.
Polícia Civil investiga o caso
A Polícia Civil iniciou a investigação logo após o ataque. O órgão segue coletando imagens do momento em que o ônibus foi atingido e ouvindo testemunhas.
“Estamos atuando em conjunto para localizar todos os envolvidos. A população pode ajudar denunciando através do telefone 181. Os carros possivelmente utilizados foram um do modelo HB20, cor branco, e outro modelo Duster, cor verde escuro”, disse o comandante do Bepe, tenente-coronel Elbert Vinhático.
Por meio das redes sociais, o governador da Bahia, Rui Costa se posicionou sobre o caso e disse que determinou a imediata apuração.
“Nada justifica o ataque covarde contra o ônibus do Bahia na noite desta quinta-feira. Futebol não é campo de guerra. Jogadores, sejam eles do Bahia, Vitória ou qualquer outro time, são profissionais e merecem respeito”, escreveu.
Em nota, a Arena Fonte Nova repudiou veementemente o ataque ao ônibus do Esporte Clube Bahia. O ataque ocorreu quando o ônibus passava nas imediações da Estação do Metrô de Brotas, próximo ao viaduto de Pitangueiras.
Apesar de o fato ter ocorrido fora do local do jogo, a Arena afirmou que prestou toda a assistência necessária aos feridos com o acionamento dos brigadistas e de ambulância. (G1)