Greve de caminhoneiros em Portugal fecha postos e provoca filas para abastecer

Foto: Divulgação

Uma greve convocada pelo sindicato dos caminhoneiros que transportam materiais perigosos deixou vários pontos de Portugal -inclusive aeroportos e serviços de ambulância- sem combustível nesta terça (16). Já são pelo menos 3.000 postos de combustíveis fechados devido à falta de gasolina e diesel. Na capital e em muitas áreas metropolitanas, motoristas enfrentam longas filas para abastecer.

Voos foram cancelados em Faro, na região do Algarve. No terminal de Lisboa, o mais movimentado do país, o abastecimento seguia abaixo do normal e precisou ser feito por um comboio de caminhões com escolta policial. Empresas de ônibus afirmam que os estoques de combustível podem acabar em vários pontos já nesta quarta (17). O Inem (Instituto Nacional de Emergência Médica, uma espécie de SAMU lusitano) apelou à população para que ambulâncias e outros veículos de transporte de doentes tenham prioridade nos postos de gasolina.

Diante do cenário, o governo português declarou estado de “crise energética” e determinou uma série de medidas excepcionais. Além de colocar as forças militares em alerta, o despacho, assinado conjuntamente pelos ministérios da Administração Interna e do Ambiente e da Transição Energética, diz que serão estabelecidas formas de garantir o abastecimento de combustível e de serviços essenciais, como segurança, socorro e emergências médicas.

Além disso, a decisão do governo também convoca “trabalhadores dos setores público e privado que estejam habilitados com carta de condução de veículos pesados” para auxiliarem na distribuição de combustível. Sem data para acabar A greve foi convocada por tempo indeterminado pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, que reivindica o reconhecimento dos caminhoneiros que fazem este tipo de serviço como uma categoria profissional específica, com direito a adicionais relacionados aos riscos e melhor remuneração.

O governo português conseguiu na Justiça uma decisão que obriga os grevistas a manterem serviços mínimos de abastecimento. No entanto, dificuldades em estabelecer o que eram os critérios mínimos atrasaram o cumprimento desta medida, que só passaria a valer efetivamente a partir da madrugada de quarta (17).

A corrida aos postos de combustível, que acontece a pouco mais de um mês das eleições para o Parlamento Europeu, gerou uma onda de críticas ao primeiro-ministro português, o socialista António Costa.

Líder do partido de oposição CDS-PP, a deputada Assunção Cristas atacou duramente o governo. “Esta é uma prova de mais um caso de incompetência por parte do governo”, afirmou, classificando como caótica a situação vivida no país. Além das eleições europeias, Portugal também terá, em outubro deste ano, um pleito para escolher seus novos deputados e primeiro-ministro. Nesse cenário, a quantidade de paralisações e avisos de greve já foi recorde. Nos três primeiros meses do ano, foram mais de duzentos pré-avisos de greve.  (Folhapress)

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