Homem é preso com 10 kg de cocaína em estacionamento de supermercado de Salvador em operação sobre morte de dupla que furtou carne

Homem é preso com 10 kg de cocaína em supermercado na Avenida Bonocô — Foto: Alberto Maraux / SSP-BA

Um homem foi preso com 10 kg de cocaína em um estacionamento de supermercado da Avenida Bonocô, em Salvador, na tarde desta segunda-feira (10). Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), informações iniciais dão conta de que a droga, avaliada em meio milhão de reais, seria entregue no Nordeste de Amaralina.

De acordo com a SSP-BA, a ação fez parte da Operação Retomada, deflagrada na manhã desta segunda, e que resultou na prisão de três seguranças e quatro pessoas suspeitas de envolvimento nas mortes de Bruno e Yan Barros da Silva.

O órgão de segurança pública informou que o homem foi preso em flagrante com o material e apresentado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) após denúncia anônima.

A SSP detalhou que com informações sobre a entrega do carregamento, que aconteceria no bairro de Valéria, policiais da Rondesp Baía de Todos os Santos e do DHPP fizeram o acompanhamento do veículo até a Avenida Bonocô, onde os entorpecentes foram encontrados em um carro.

De acordo com a diretora do DHPP, delegada Andréa Ribeiro, as investigações vão prosseguir para esclarecer a existência de outros envolvidos no crime.

Operação
Além dos três seguranças do mercado, quatro homens – suspeitos de tráfico de drogas – também foram presos na operação da manhã desta segunda. De acordo com a Polícia Civil, eles também têm envolvimento nas mortes. A polícia cumpriu também mandados de busca e apreensão no supermercado e em casas no complexo de bairros que formam o Nordeste de Amaralina.

“No supermercado, estamos colhendo provas através de computadores, documentos, entre outros eletrônicos”, disse a delegada responsável pela investigação, Zaira Pimentel.

Em nota, nesta segunda-feira, o Atakarejo informou que não comenta decisões judiciais e que vai continuar colaborando com as autoridades para que o crime seja esclarecido o mais rapidamente. Disse ainda que reitera a solidariedade aos familiares das vítimas e afirmou que a empresa não tolera qualquer tipo de violência.

Além do Nordeste de Amaralina, os mandados foram cumpridos nos bairros da Mata Escura e Fazenda Coutos, na capital baiana, e no município de Conceição do Jacuípe, a cerca de 100 quilômetros de Salvador.

O crime aconteceu no dia 26 de abril, mas só na última quinta-feira (6), o supermercado Atacadão Atakarejo informou que os seguranças envolvidos no caso foram afastados. Segundo a família das vítimas, Bruno e Yan foram entregues por funcionários do estabelecimento a integrantes de uma facção criminosa do bairro do Nordeste de Amaralina.

Na última sexta-feira (7), o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) pediu a prisão preventiva das pessoas envolvidas nas mortes de Bruno Barros e Yan Barros.

Participaram da Operação Retomada cerca de 50 equipes com 200 policiais civis, agentes da Polícia Militar, da Superintendência de Inteligência da SSP e do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Entenda o caso
Na noite do dia 26 de abril, dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.

Um dia depois, no dia 27, eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Já no dia 29 de abril, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do supermercado Atakarejo por furtar carne no estabelecimento.

Bruno e Yan Barros foram torturados e mortos a tiros após furtarem carnes em mercado — Foto: Arquivo pessoal
Bruno e Yan Barros foram torturados e mortos a tiros após furtarem carnes em mercado — Foto: Arquivo pessoal

Segundo ela, o tio de Yan, Bruno, que também foi morto, enviou áudios a uma amiga contando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. No áudio, Bruno chegou a pedir para que a amiga chamasse a Polícia Militar, o que a jovem alega ter feito.

A PM afirmou, entretanto, que a 40ª CIPM não foi acionada para atender a ocorrência. Mas disse que foi até o local assim que tomou conhecimento do caso por meio da população. A polícia também disse que, ao chegar ao estabelecimento, funcionários não confirmaram o fato.

Na época, o Atakarejo disse que cumpre a legislação vigente e atua rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais, e que não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei.

Disse também que os fatos questionados envolvem segurança pública e que certamente serão investigados e conduzidos pela autoridade pública competente.

Também no dia 30, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) informou que ao tomar conhecimento do fato envolvendo Bruno Barros e Yan Barros, adotou as providências cabíveis nesta fase preliminar de apuração, autuando uma notícia de crime e encaminhando ao Núcleo do Júri da Capital. (G1)

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