Ainda indignados com a repentina retirada da candidatura do senador Jaques Wagner (PT) ao governo, setores e deputados do PT prometem trabalhar para, segundo suas próprias palavras, diminuir o impacto do ‘estrago’ e indicar a vice na chapa encabeçada pelo senador Otto Alencar (PSD) à sucessão estadual, cargo reservado para escolha do atual vice-governador João Leão (PP) dentro do acordo para assegurar a manutenção da aliança entre os três partidos.
Apesar de ainda não terem fechado um nome em torno do qual poderiam fazer pressão para impedir que Leão exerça o direito de escolher o vice, os petistas já agendaram uma reunião para esta segunda-feira (28), na qual pretendem, além de deflagrar o processo para apontá-lo, estabelecer uma estratégia para impedir que a chapa permaneça com a conformação “azul com azul”, como chamam a participação de dois partidos de centro-direita na cabeça e na vice.
Desconsiderando o fato de a vaga ao Senado estar assegurada ao governador Rui Costa (PT), responsável pela reviravolta que resultou no recuo de Wagner em favor de Otto, os petistas alegam ser inconcebível que os dois outros cargos da chapa possam ser preenchidos por dois partidos de centro-direita, quando a tradição, desde a primeira eleição de Wagner, sempre foi a de a composição ser de um “vermelho (de esquerda) com um azul”.
Eles lembram que, em 2006, o vice de Wagner foi do MDB (Edmundo Pereira) e, na reeleição, o próprio Otto (PSD). Nas duas eleições de Rui, seu companheiro de chapa, por sua vez, foi Leão. Agora, já que estão tendo que aceitar a contragosto o fato de os líderes petistas terem aberto mão de o PT disputar o governo, deputados e setores do partido alegam que o mínimo que poderia ser considerado era o fato de a agremiação que governou o Estado estes 15 anos indicar o vice.
Também argumentam que Leão vai ser brindado com o comando do Estado por oito meses a partir de abril, quando Rui renunciar para assumir a candidatura, ‘presente’ que, na avaliação dos petistas, tanto o vice quanto o seu partido jamais imaginaram que se tornaria uma realidade e, também segundo eles, poderá representar um fortalecimento para o PP que Leão não teve condições de promover em todo este período em que vem atuando como aliado do PT.
A pressão interna no PT pela tomada da vice das mãos de Leão cresce na mesma proporção que aumenta a preocupação com um verdadeiro desastre nos planos de reeleição dos deputados petistas, estaduais e federais, afetados tanto pela troca de um candidato majoritário do partido por um nome de outra sigla, o que diminui o chamado voto de legenda para os parlamentares, quanto pelo fato de terem sido praticamente os últimos a serem avisados sobre a mudança.
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