Hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina. Três medicamentos que não têm eficácia comprovada contra a Covid-19, mas que podem ser distribuídos de graça pelo Ministério da Saúde como um “kit Covid”. Os compostos são defendidos como tratamento para a doença pelo presidente Jair Bolsonaro, sem base científica.
A ideia da pasta da Saúde é distribuir esses três medicamentos por meio do Farmácia Popular, de acordo com informações do Estadão. O ministério faz estudos, desde julho, para a inclusão desses produtos no programa, que viabiliza medicamentos de forma gratuita ou com 90% de desconto para controle de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e asma.
Apesar da intenção do Ministério da Saúde, o “kit Covid” precisará de prescrição médica para ser adquirido. O chefe da pasta, general Eduardo Pazuello, aprovou a nova orientação que estimula o uso, desde os primeiros sintomas da doença, de hidroxicloroquina ou cloroquina, associadas à azitromicina.
Atualmente, a tabela de preços definida pelo governo federal determina que uma caixa com dez comprimidos de hidroxicloroquina 400mg tem o valor de R$ 25. Dez comprimidos da azitromicina 500mg custam $ 35, enquanto dois da ivermectina valem R$ 15.
Segundo o Estadão, o Ministério da Saúde foi procurado para comentar o assunto, e reconheceu que averigua incluir o “kit Covid” no Farmácia Popular.
Vale lembrar que a equipe do Ministério da Economia estuda extinguir o programa do governo federal. No entanto, a ideia era fazer isso para usar o orçamento de R$ 2,5 bilhões para o Renda Brasil, programa que ia substituir o Bolsa Família. Porém, o presidente Jair Bolsonaro descartou o programa na tarde desta terça-feira (15) (lembre aqui).
Na visão de Eduardo Pazuello, o Farmácia Popular é “estratégigo” para o Sistema Único de Saúde (SUS). Dados do governo federal apontam que o ano de 2019 teve mais de 21,3 milhões de pacientes atendidos pelo programa.
“Evidências demonstraram que o programa reduziu as internações hospitalares e mortalidade em relação à hipertensão e diabete”, afirma o Ministério da Saúde no Plano Nacional de Saúde, que orienta ações da pasta até 2023. (BN)