Um laudo pericial da polícia civil acabou contestando o resultado da investigação da própria polícia sobre o assassinato da cigana Hyara Flor, então com 14 anos, em julho deste ano. Conforme a polícia, o cunhado da vítima, Jesus Davi, de 9 anos, teria disparado a pistola que matou Hyara. Mas o laudo apontou que não foi encontrado material genético da criança na arma do crime. O pedido de novas perícias técnicas foi feito pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) após apelo da família da vítima. O crime aconteceu em Guaratinga, no extremo sul da Bahia,
O Aratu On teve acesso com exclusividade ao documento, que mostra uma análise feita pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). A análise comparou o DNA encontrado no cabo e no corpo do armamento com o material genético de quatro pessoas: o pai do marido de Hyara, Wberlon Silva, a sogra da cigana, Fernanda Cardoso e os cunhados dela, os gêmeos Jesus Davi e Jesus Mateus. Após a análise da polícia civil, o material encontrado na arma não foi apontado como compatível com nenhum dos quatro analisados.
Ou seja, Jesus Davi, apontado pela polícia civil em agosto como autor dos disparos, não teria entrado em contato com o armamento. Apesar disso, a análise genética indicou que o material encontrado na arma deve pertencer a um parente de Jesus Davi com a mesma linhagem paterna. A análise foi destacada pelo perito particular contratado pela família da cigana, o perito forense Eduardo Llanos. Para a família de Hyara, esse pode ser um indício de envolvimento no crime do marido de Hyara Flor, identificado como Amadeus Alves.
No início das investigações policiais, ele era apontado como um dos principais suspeitos. Mas, segundo a investigação, devido à presença de álibis, ele foi descartado como possível assassino.
ALTURA DO ASSASSINO
O primeiro laudo da polícia civil sobre a morte de Hyara apontou que o tiro foi efetuado de baixo para cima, indicando que alguém menor que a jovem deveria ter feito o disparo. Porém, o laudo particular da família da vítima negou esta versão por meio de um elemento de perícia chamado de “zona de tatuagem”. Esse termo se refere às marcas que ficam na pele quando um disparo de arma de fogo é deflagrado contra alguém a curta distância, ou “à queima-roupa”.
Essas marcas ou “tatuagens” são pedaços de pólvora, que ao sair da arma, adentram a pele, se alojando entre as camadas cutâneas. Segundo o especialista em perícia Patrício Eduardo Cerda, que assina a laudo, as “tatuagens” em Hyara estão alojadas no queixo, local onde, se trassada a trajetória da bala, mostraria uma pessoa mais alta que o cunhado da vítima. Confira a conclusão da perícia contratada pela família de Hyara sobre a altura do assassino:
“Após análise de todos os elementos oferecidos para estudo, o Assistente Técnico que subscreve o presente Parecer logrou constatar o seguinte: Todos os elementos que apontam o menor como autor do disparo que vitimou Hyara são tecnicamente divergentes enquanto os elementos que apontam a autoria do disparo a uma pessoa de maior altura a da vítima são convergentes. Se faz presente a imperiosa necessidade de realizar a exumação do corpo da vítima para determinar a vertebra onde ficou alojado o projetil e constatar tecnicamente a trajetória e trajeto balístico.” (Aratu Online)