O líder espiritual Jair Tércio Cunha Costa, investigado pelos crimes de abusos sexual e psicológico contra ao menos 14 mulheres na Bahia, segue foragido da Justiça. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito tem um mandado de prisão em aberto.
Segundo informações da polícia, o caso está com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigação Criminal do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).
Jair Tércio Cunha Costa, de 63 anos, é ex-grão-mestre de uma loja maçônica na Bahia e desenvolvedor de uma doutrina pedagógica que era estudada em retiros espirituais promovidos por ele toda semana.
Em dezembro do ano passado, o MP-BA informou que ofereceu mais uma denúncia contra o líder espiritual pelos crimes de estupro de vulnerável, charlatanismo e lesão corporal por ofensa à saúde mental. No entanto, a investigação corre em sigilo a pedido das vítimas, com base no “fundado temor”, em relação ao acusado e a alguns dos seus seguidores.
Nas primeiras denúncias, segundo informações da promotora de Justiça, Gabriella Manssur, 14 mulheres que participavam da seita de Jair Tércio denunciaram os abusos, que chegaram à Ouvidoria das Mulheres, órgão do Conselho Nacional do Ministério Público e ao Projeto Justiceiras.
A primeira denúncia do MP-BA contra Jair Tércio foi por violência de gênero, violação sexual mediante fraude, estupro de vulnerável e lesão corporal por ofensa à saúde mental, contra quatro vítimas.
Relação com menor de idade
Um boletim de ocorrência registrado em Salvador, consta que a voz do homem em um telefonema analisado pelo MP, é de Jair Tércio e a outra voz é de uma menor de idade.
No diálogo, a adolescente pergunta ao homem se ele tirou a virgindade dela. Ele nega e diz: “Comigo não é relação, não. Comigo foi carinho, foi amor”.
Na sequência, a adolescente diz que a mãe dela vai levá-la ao ginecologista e ele pede para que ela evitasse. “Você não vai. Esqueça isso, minha filha. Pelo amor de Deus, viu?”, disse.
Uma adolescente de 16 anos disse que se sentia suja por não obedecer as “regras” ditadas pelo guru.
“Eu sempre pensava que por eu não querer fazer aquelas coisas, por não querer seguir aquelas regras, eu era suja e errada. Isso complica a minha vida de forma absurda, eu sempre tenho complexo de culpa por causa disso”, conta.
O advogado de Jair Tércio afirma que o guru nega qualquer tipo de envolvimento em relação a menores ou estupro de vulneráveis. (G1)