Lorenna Vieira, mulher do DJ Rennan da Penha, afirma ter sido vítima de preconceito e racismo na quinta-feira (30), em uma agência do Banco Itaú. Ela parou na delegacia depois de ter ido à agência, que fica na Rua da Soja, 82, na Penha, Zona Norte do Rio, para desbloquear um cartão e sacar R$1.500.
Lorenna afirma que funcionários do banco agiram de maneira preconceituosa, como denunciou em sua conta no Twitter.
Segundo Lorenna, as funcionárias acharam que as movimentações financeiras em sua conta eram suspeitas.
“Eu fui ao banco tirar um dinheiro e desbloquear um cartão, porque perdi cartão e o outro não chegou na minha casa. Eu tive que ir lá buscar. Chegando lá, deu que estava bloqueado. Aí elas (as funcionárias) começaram a falar ‘ah, o banco pode achar que é fraude, que você é laranja’ e me deixaram lá esperando”, contou ela ao G1.
Ela diz que, sem receber maiores explicações ou avisos, acabou sendo levada para a delegacia.
“Elas (as funcionárias) estavam falando que ‘entrou uma quantidade de dinheiro e a gente não sabe de onde vem’. Eu fiquei sem entender. Eles começaram a cochichar, os funcionários do banco começaram a me olhar. Eu não estava entendendo. A funcionária falou para a gente esperar um pouco e saiu. Ela não voltou mais, quem voltou foi a Polícia Civil. Três policiais, falando para eu ir para a delegacia”, narra ela.
Lorenna afirma que se sentiu ofendida e que acredita ter sido tratada de forma preconceituosa.
“Ela (a funcionária) falou: ‘Só falta mais 15 minutinhos para o seu problema ser resolvido’. E aí chegaram os policiais. Eu fiquei revoltada na hora. Fiquei muito chateada, as pessoas ali devem achar que eu fui presa ou eu não sei. É uma vergonha, ridículo. Eu me senti ofendida. Segundo eles, eu sou fraude, laranja. Segundo eles, aquele dinheiro não era meu”, contou ela na noite desta quinta-feira, ainda muito abalada.
Ela diz que foi tratada como criminosa e afirmou, ainda, que as funcionárias do banco não buscaram entender o que havia acontecido antes de chamarem a polícia.
Lorenna conta que foi levada, então, para a 22º DP (Penha). Ela afirmou que chegou a rasgar o documento de identidade por causa da reação dos policiais civis.
“Eu até rasguei minha identidade, porque o policial falou que era quase impossível saber se era eu, porque o meu cabelo estava liso, falou que era pra eu jogar minha identidade fora e fazer outra com o meu cabelo natural. Aí eu rasguei. Se é uma pessoa branca que tem o cabelo alisado e depois deixa encaracolar, ninguém faria isso”, disse.
Lorenna contou que, na delegacia, foi questionada várias vezes sobre qual era sua relação com Rennan da Penha e disse ter sido tratada com deboche.
Em nota, o Itaú se pronunciou sobre o caso.
“O Itaú Unibanco lamenta e se desculpa pelos transtornos causados a Lorenna Vieira nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, e vem tentando contato com ela para resolver a situação. O Itaú Unibanco esclarece que o procedimento adotado na agência é padrão em casos de suspeita de fraude, e não tem qualquer relação com questões de raça ou gênero. O objetivo era proteger os recursos de Lorenna de possível fraude, uma vez que já havia um bloqueio preventivo de sua conta corrente e era difícil identificá-la com o documento apresentado no caixa. O Itaú Unibanco acredita que toda forma de discriminação racial deve ser combatida”.
O banco não explicou, no entanto, o motivo pelo qual o perfil bancário de Lorenna foi tratado como suspeito.
O G1 entrou em contato com a Polícia Civil, mas, até a publicação desta matéria, não havia recebido respostas. (G1)