Meningite: Cobertura vacinal só alcançou 48,7% do público-alvo até maio deste ano

Só neste ano, já foram confirmados 16 casos da doença meningocócica na Bahia

Crédito: Leonardo Rattes/Saúde GOVBA

A vacina da meningite está com cobertura vacinal baixa este ano e os números têm deixado a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) preocupada. Até maio deste ano, a cobertura vacinal alcançou 48,7% do seu público-alvo. Só neste ano, foram confirmados 16 casos da doença meningocócica na Bahia, sendo três deles na capital.

Em 2019, também houve baixa adesão à vacinação, tendo alcançado 78,5% do público. Em 2020, diminuiu para 73,8%. Já em 2021, a queda foi mais significativa, pois a cobertura foi de 63,7%, tendo aumento em 2022 para 76,5%. Em 2023, até 31 de maio, apenas 48,7% do público-alvo foi vacinado.

Vânia Rebouças, coordenadora do Programa Estadual de Imunização, lembra que os dados são parciais e referentes até maio porque, desde junho, o Ministério da Saúde implantou um sistema que ainda não consegue fornecer as coberturas das vacinas atualizadas.

“Nós estamos com coberturas vacinais em relação a meningite que se aproxima do 50% do público-alvo, quando nossa meta é de 95%. Estamos observando os sinais de baixa coberturas desde 2015 na Bahia quando a gente ainda conseguiu obter 93,76% de cobertura na Bahia”, explica Vânia.

Novo sistema

Ela relata que queda aconteceu no momento de implantação do sistema nominal após 2015. Como os dados precisam ser completos para que sejam contabilizados com cobertura nacional, um dos fatores da baixa cobertura pode estar no lançamento dos dados no sistema nominal como registro inadequado.

As meningites podem ser provocadas por vírus, bactérias, fungos, e também por agentes não infecciosos, como traumas. A meningites bacterianas têm uma incidência maior no inverno, enquanto as virais têm incidência maior no verão. 

“A vacina de meningite não é só a vacina meningite C, tem quatro tipos de vacina na rede pública. Tenho também a vacina meningite ACWY, ela previne contra esses quatro sorogrupos.  Eu também tenho uma vacina pentavalente, que previne contra um tipo de Influenza B, que é uma bactéria que também pode provocar a meningite, e também a pneumocócica 10 valente”, Vânia Rebouças explica. 

Balanço

Foram confirmados 16 casos da doença meningocócica no estado neste ano, sendo 20 a 29 anos a principal faixa etária atingida, totalizando cinco, e que teve mais óbitos, dois casos. A letalidade é de 18,8%. 

Os municípios que registraram um caso foram Iraquara, Itamari, Boa Vista do Tupim, Candeias, Aporá, Euclides da Cunha, Tanque Novo, Salinas da Margarida, Itabuna, Camaçari e Mata de São João. Em Salvador, foram três casos, enquanto em Vitória da Conquista foram dois registros.

Já a meningite pneumocócica foram reportados 35 casos em 2023. Salvador registrou 23% dos casos, tendo oito casos confirmados. Simões Filho foi o segundo município com (5,8%) dois casos. De acordo com a coordenadora, o número de casos está dentro do esperado e não há surto na Bahia. 

“Se a gente comparar com o ano passado, a gente tem um número de casos confirmados semelhante. Estamos com um número de casos confirmados dentro do esperado. O que a gente precisa fazer é tentar diminuir essa incidência, porque algumas meningites podem ser prevenidas com a vacinação”, explica.

Quem já passou pela experiência foi Elvira de Jesus Ferreira, 79 anos, que teve meningite em 1977 . Na época, passou 16 dias internada. Ela relata ter sentido dor de cabeça muito forte, dor no pescoço, febre, vômitos e dificuldade em falar. “É uma dor de cabeça muito forte. Foi batendo na parede do quarto, que era grudada na parede da vizinha, que eu consegui chamar atenção dela para vir me ajudar, porque eu não estava conseguindo nem falar”. Após o período de tratamento no hospital, ela saiu vacinada e não mais teve meningite.

(A Tarde)

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