Uma pesquisa do Grupo Rabbit, consultoria especializada em gestão do ensino privado no Brasil, divulgada nesta sexta-feira (18), indica um crescente impacto dos investimentos em tecnologias educacionais sobre os custos das escolas particulares. Como resultado, os reajustes nas mensalidades estão se tornando mais expressivos.
De acordo com a matéria da Folha de São Paulo, a pesquisa estima que as mensalidades devem aumentar, em média, entre 8% e 10% em 2025, o que representa o dobro da inflação projetada para este ano, que é de 4,4%. O levantamento foi realizado entre maio e agosto com gestores de 680 escolas clientes do Rabbit. Em anos anteriores, os reajustes já foram significativos, com aumentos de 9,4% em 2023 e 10,9% em 2022, enquanto a inflação acumulada foi de 4,62% e 5,79%, respectivamente.
A consultoria atribui os reajustes à necessidade das instituições de recuperar perdas enfrentadas durante a pandemia, como a diminuição do número de alunos e o aumento da inadimplência. Minas Gerais lidera a previsão de reajuste, com 10%, seguido por São Paulo (9,5%) e Rio de Janeiro, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, todos com 9%. No Sul, a expectativa é de um aumento médio de 8%.
Antônio Eugênio Cunha, presidente da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep), destaca que os custos com tecnologia aumentaram significativamente desde a pandemia. “A tecnologia avança rapidamente, tornando-se um investimento contínuo e caro”, afirma. Ele menciona gastos com plataformas de desempenho individualizado, material didático digital e equipamentos para salas de aula.
O relatório do Grupo Rabbit também sugere a criação de comitês nas escolas focados em tecnologia educacional, enfatizando a importância de se preparar para o uso da inteligência artificial. No entanto, Cunha questiona a percepção das famílias sobre esses investimentos, já que reformas físicas costumam ser mais visíveis do que gastos com tecnologia.
Cunha explica que o reajuste das mensalidades varia conforme os investimentos e a situação de cada escola. Por exemplo, escolas que alugam imóveis podem enfrentar aumentos no aluguel que impactam diretamente as mensalidades.
Os reajustes são calculados com base em previsões de custos com pessoal, despesas gerais e administrativas, além de estimativas sobre o número de matrículas. Embora não haja uma regulamentação que impeça os aumentos acima da inflação, as escolas devem ser transparentes em relação aos reajustes. O Procon aconselha que as famílias negociem descontos com as instituições.
Curiosamente, a pesquisa do Grupo Rabbit revelou que, apesar do peso dos investimentos em tecnologia, esse aspecto não aparece como um dos principais diferenciais apontados por gestores e professores. O acolhimento é mencionado por 55% dos gestores e 49% dos professores, enquanto o “ensino forte” é citado por 10% de ambos os grupos. A tecnologia, por sua vez, foi mencionada apenas por 1% dos professores e não apareceu entre os principais critérios dos gestores.