Nos últimos dias, a fabricante de eletrônicos Multilaser deu novos sinais de suas intenções rumo ao mercado de mobilidade elétrica.
Na semana passada, anunciou a aquisição de uma startup de veículos elétricos chamada Watts, poucos dias após entrar no mercado de drones em uma parceria para importação.
Com um portfólio que tem mais de 5.000 produtos, de smartphones a brinquedos, a empresa está investindo em uma unidade em Manaus e em breve deve iniciar fabricação de motos elétricas, segundo Alexandre Ostrowiecki, diretor-presidente da Multilaser. Para os drones também há interesse na produção local.
“O mercado nos deixa animados com as possibilidades tecnológicas no recreativo e, cada vez mais, nas aplicações profissionais, como agrícola, vídeos de alta qualidade, e futuramente, entregas”, diz.
Ostrowiecki também se engajou, na semana passada, no movimento puxado por gigantes do varejo para combater o chamado camelódromo digital. A Receita estuda medida para impedir que ecommerces estrangeiros vendam para brasileiros sem pagar impostos.
“Acho ótimo que tenha muitas empresas vendendo produto e todos deveriam ser bem vindos ao Brasil, desde que paguem impostos igual aos brasileiros”, diz.
PERGUNTA – A Multilaser anunciou a aquisição da startup de moto elétrica na semana passada. Para além da expansão no mercado de mobilidade, qual é a importância do negócio para a distribuição?
ALEXANDRE OSTROWIECKI – A Multilaser está muito animada com a tecnologia de mobilidade elétrica pois ela contribui muito para melhorar o meio ambiente, especialmente nas cidades, e também permite economia de combustível, ajudando no bolso das pessoas.
Atualmente, já temos uma linha de bikes, patinetes e scooters elétricos. Com a compra da Watts vamos dobrar portfólio e partir para a produção da nossa moto 100% elétrica.
Estamos investindo bastante na nossa fábrica de Manaus e em breve queremos ser a primeira fabricante 100% elétrica de motos.
P. – Neste mês, vocês também anunciaram a entrada no mercado de drones. Este é um mercado que tem falado de novas aplicações, mas ainda é concentrado no recreativo. Como olham esse horizonte?
AO – Vão ter fábrica de drones no Brasil?”‚O mercado de drones também nos deixa animados com as possibilidades tecnológicas no recreativo, mas especialmente, e cada vez mais, nas aplicações profissionais, como agrícola, execução de vídeos de alta qualidade, e futuramente, entregas.
Estamos também com planos de eventualmente produzir os drones no Brasil.
Porém, para o ano de 2022, a ideia é iniciarmos e conhecermos melhor esse mercado via distribuição.
P. – O sr. acompanhou os esforços de vários setores industriais no pedido de redução do IPI? Parte deles acha que é possível mais uma queda. Como o sr. vê esse assunto para a Zona Franca de Manaus?
AO – Sim. Acho que, em geral, a queda dos impostos é uma medida muito boa, especialmente os indiretos, que recaem diretamente nos preços dos produtos de consumo, afetando proporcionalmente mais os pobres.
Impostos precisam ser idealmente baixos, simples, progressivos, com ricos pagando mais, e difíceis de sonegar.
Ao mesmo tempo, quando houver alguma distorção setorial, como por exemplo Zona Franca de Manaus, é preciso ter prazos razoáveis para que a indústria se adapte às novas regras.
P. – E esse movimento de entidades empresariais junto a autoridades para combater o chamado camelódromo digital?
AO – Acho ótimo que tenha muitas empresas vendendo produto e todos deveriam ser bem-vindos ao Brasil, desde que paguem impostos igual aos brasileiros.
Há anos vejo as entidades representativas do mercado formal apontando brechas na lei que permitem contrabando e decidi apoiar essa causa tão justa e importante para o mercado formal e para a defesa dos empregos.
Hoje são quase 10 milhões de empregos em risco no varejo devido a certos sites que enviam produtos falsificados ou subfaturados.
P. – É preciso tapar as brechas e aí deixar o livre mercado seguir seu curso, com a mesma carga tributária para todos.
A crise de escassez dos semicondutores arrefeceu?
AO – A situação está bem melhor do que no auge da pandemia, porém, alguns componentes críticos continuam tendo abastecimento bem lento, especialmente os microprocessadores, que são o coração de todos os eletrônicos.
Por exemplo, na semana passada, eu estava negociando com um grande fabricante de processadores para celular, e eles estão pedindo os pedidos antecipados para o ano inteiro de 2022, para poder garantir produção.
P. – E guerra na Ucrânia? Quais são os impactos?
AO – ‚Por enquanto, a guerra na Ucrânia não está afetando o suprimento de eletroeletrônicos.
E eu espero que o Brasil esteja sempre do lado das democracias e contra agressões internacionais.
P. – E o cenário eleitoral? O que espera?
AO – A corrida eleitoral está muito aberta, e eu sinto o eleitor ainda distante da decisão política. Além da corrida presidencial, espero que o eleitor dê mais importância ao Legislativo. (Bahia Noticias)