Ministro de Bolsonaro cita rádio do próprio pai em relatório ao TSE sobre suposta fraude

Relatório de Fábio Faria para acusar rádios do Nordeste de fraude eleitoral inclui empresa de seu pai, aliado de Bolsonaro no interior do RN. Foto: Marcelo Camargo/ABr

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), acusou no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a rádio de seu próprio pai, a Agreste FM, de ter veiculado menos propaganda de Jair Bolsonaro (PL) do que de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Usando argumentos frágeis e contestados pelas próprias emissoras, o documento sustenta que, de um total de 1.122 emissoras na região Nordeste, 991 rádios (88,3%) teriam veiculado mais inserções do petista.

A Agreste, cujo sócio é o ex-governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria (PL), pai do ministro, está entre elas. Robinson se elegeu deputado federal pelo partido de Bolsonaro neste ano e é um dos principais cabos eleitorais do presidente no estado.

Outras 94 rádios (8,4%), segundo a campanha, teriam transmitido mais inserções de Bolsonaro na programação. As 37 (3,3%) restantes teriam exibido o conteúdo eleitoral de forma igualitária. No segundo turno, os candidatos têm direito a 25 inserções diárias no rádio de 30 segundos cada.

Os dados foram compilados pela Audiency, empresa contratada para fazer o levantamento de veiculação dos programas, que serviu de base à acusação feita junto ao tribunal pela campanha de Bolsonaro.

Segundo esse levantamento, a Agreste, que opera em Nova Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, teria veiculado cinco inserções do PT contra duas do partido do presidente entre 7 e 11 de outubro.

“É mais uma prova de que eu não tenho nada a ver com isso [estratégia de questionar a veiculação dos programas]”, disse à reportagem o ministro Fábio Faria, que integra o comitê de campanha de Bolsonaro e entregou a lista ao TSE.

“Meu pai é um dos sócios dessa rádio, mas quem comanda a rádio é o Cid Arruda, que foi prefeito da cidade pelo PSB”, disse o ministro.

“Isso mostra que eu não agi em favor de ninguém para montar essa lista. É uma relação de emissoras que foi feita depois que integrantes da campanha ouviram que algumas rádios no Nordeste não estavam veiculando os programas de Bolsonaro.”

A reportagem entrou em contato com a diretora da rádio, Giselda Felipe. Ela disse por telefone que o controle de inserções de programas e anúncios na emissora era responsabilidade de outro diretor, José Carlos Araújo. A reportagem ligou para o celular dele, mas não conseguiu contato.

De acordo com a Audiency, entre 7 e 10 de outubro, a Agreste só teria veiculado duas inserções do presidente Jair Bolsonaro no dia 10 de outubro -a primeira às 7:05:43 e a segunda, às 12:05:47.

No mesmo período, cinco inserções de Lula teriam sido transmitidas. A primeira no dia 7 de outubro, às 12:05:39; duas outras no dia 10 -às 07:05:16 e às 12:05:20; as duas últimos no dia 11, às 07:06:01 e 12:05:56, respectivamente.

Como registramos antes, Alexandre de Moraes rejeitou a denúncia e determinou que a campanha seja investigada no inquérito das milícias digitais (reveja aqui). O PL também poderá ser punido por usar fundo eleitoral para contratar a auditoria de mídia que fundamentou o relatório.

Informações: Yahoo

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