O prefeito de Salvador, ACM Neto, voltou a alertar sobre o risco de o sistema de saúde da capital baiana entrar em colapso a partir da metade deste mês de maio. Na manhã desta terça-feira (5), em entrevista ao Jornal da Manhã, ele destacou as projeções que indicam que as vagas para leitos clínicos e de UTI para tratamento de pacientes com coronavírus podem se esgotar nos próximos dias.
Em coletiva realizada na manhã de segunda-feira (4), ACM Neto afirmou que pode haver saturação de leitos clínicos no próximo dia 14. Já com relação aos leitos de UTI, a previsão é de que não existam mais vagas a partir do dia 20 de maio.
“Foi uma das razões que decidi prorrogar os decretos que suspendem diversas atividades em nossa capital. É uma forma de evitar o colapso, ou pelo menos conseguir postergar bastante essa situação. Precisamos manter as medidas de isolamento social. Quem puder, fica em casa. Se sair de casa, somente com máscara. É o apelo que a gente vem fazendo desde o início do enfrentamento da pandemia. Essas duas semanas do fim de maio serão críticas. Então, o momento mais sério que nossa capital vai enfrentar é a partir da segunda quinzena de maio, se estendendo para as duas primeiras semanas de junho. O esforço de cada um pode fazer a diferença para nos ajudar a salvar vidas”, disse o prefeito.
Diante da projeção, um lockdown, que é o bloqueio total de serviços não essenciais, não está descartado. A medida pode ser adotada parcialmente, em bairros onde existe maior incidência da doença ou onde há maior movimentação de pessoas na rua, ou pode englobar a cidade inteira.
“A capital do Maranhão, São Luiz, a partir de hoje começa o lockdown. Obrigação de todos ficar em casa. Ninguém sai de casa. Espero que a gente não precise chegar nessa situação. A prefeitura se antecipou com as medidas de restrição social desde o começo, para que elas pudessem ser dosadas, e não tivéssemos a obrigação de fechar tudo. No entanto, a gente vem percebendo um relaxamento das pessoas. Há um paradoxo. Quanto mais êxito temos com as medidas de restrições, controlando a curva, evitando um número desenfreado de mortes na capital, a sensação das pessoas é de que está tudo sob controle. Não é verdade. O momento crítico está chegando a partir da segunda quinzena de maio”, explicou ACM Neto.
Uma das situações que mais preocupa o prefeito da capital baiana é a formação de filas em agências da Caixa Econômica Federal e lotéricas. A aglomeração é feita por pessoas em busca do auxílio emergencial de R$ 600. ACM Neto relata que tem buscado alternativas para auxiliar na organização, mas não pode adotar a mesma ação de Vitória da Conquista, que fechou uma avenida para proporcionar maior distanciamento.
“Isso passou a ser um evento na cidade. Essa hipótese existe sim. Viria dentro daquela intervenção específica que vamos começar a fazer em alguns bairros de Salvador. São muitas agencias, se formos comparar com Vitória da Conquista, Salvador tem muito mais agências. Se eu for interditar todas as ruas que têm agências, vou parar a cidade inteira. A solução não pode ser só essa. Pode ser uma solução pontual, que não pode ser descartada”, falou.
Até a manhã desta terça-feira (5), a Bahia havia registrado mais de 3,7 mil casos confirmados de Covid-19, com 141 mortes. Os casos confirmados ocorreram em 150 municípios do estado, com maior proporção em Salvador, com 2.370 casos (63,43%) e 91 mortes. (G1)