Moscou teve a segurança reforçada neste sábado (24) em meio ao motim do Grupo Wagner que tomou a cidade de Rostov-on-Don e chegou a Voronezh. Segundo informações da agência de notícias Reuters, soldados russos teriam posicionado uma metralhadora na periferia de Moscou. A Praça Vermelha foi fechada por policiais.
De acordo com a agência, o jornal Vedomosti informou que a arma havia sido montada na extremidade sudoeste da cidade.
O Grupo Wagner, antes aliado de Vladmir Putin na invasão da Ucrânia, acusou o governo russo de atacar acampamentos da organização e prometeu retaliações. Por sua vez, Putin acusou o grupo de traição.
Em meio ao conflito, surgiram rumores de Putin teria deixado Moscou, o que foi negado pelo porta-voz do governo, Dmitri Peskov, à agência de notícias Ria Novosti.
Policiais armados estão se reunindo no ponto onde a rodovia M4 – por onde os mercenários amotinados de Wagner estão se movendo – chega à capital russa. O Kyiv Post, um jornal ucraniano, informou que trincheiras estavam sendo cavadas nos arredores de Moscou.
Entenda o caso
- Yevgeny Prigozhin, o chefe do grupo, entrou abertamente em campanha para destituir o ministro de Defesa da Rússia nesta sexta-feira (23). O grupo luta ao lado da Rússia na guerra contra a Ucrânia.
- Prigozhin acusou o próprio Ministério de Defesa da Rússia de atacar acampamentos da organização e prometeu retaliação.
- O Ministério da Defesa emitiu rapidamente um comunicado no qual afirma que as acusações de Prigozhin “não correspondem à realidade e são uma provocação informativa”.
- A segurança de Moscou foi reforçada após a movimentação nas ruas aumentar e o prefeito da capital russa, Sergei Sobyanin, declarou que estão sendo tomadas medidas antiterroristas.
- Em um vídeo divulgado neste sábado, Prigozhin disse que todos as sedes militares da Rússia em Rostov-on-Don estão sob controle do Grupo Wagner.
- A agência Reuters afirmou que instalações militares de Voronezh, a 500 km de Moscou, também foram tomadas pelo grupo.
O desentendimento
O “Wagner” é uma espécie de organização paramilitar ligada ao governo russo. O grupo surgiu em 2014, composto por ex-soldados de elite altamente qualificados.
Com a invasão da Ucrânia, acredita-se que o grupo tenha se expandido recrutando prisioneiros para lutar a favor da Rússia. Os mercenários reforçaram a linha de frente e atuaram em várias batalhas, incluindo na conquista de Bakhmut.
A relação entre o grupo e o Ministério da Defesa da Rússia já estava estremecido há alguns meses. Nesta sexta-feira, a crise se intensificou depois de Yevgeny Prigozhin acusar o governo russo de promover um ataque contra acampamentos da organização.
Prigozhin prometeu retaliações. Isso levou o procurador-geral da Rússia a abrir uma investigação contra ele por “suspeita de organizar uma rebelião armada”.
O Exército russo nega o ataque contra o Grupo Wagner e classificou as acusações como uma provocação.
Mesmo assim, após a ameaça de Prigozhin, o governo russo reforçou a segurança em Moscou. Já na cidade de Rostov-on-Don, que foi invadida pelos paramilitares, o prefeito pediu para que a população não saia de casa. (G1)