Quem associava o mês de junho à fogueira queimando, forró pé de serra, amendoim cozido e bandeirolas enfeitando as ruas, vai ter que se acostumar com o novo cenário em tempos de pandemia. Por conta da suspensão dos eventos neste período, já que não é permitido aglomerações, municípios baianos estimam um prejuízo de até R$ 30 milhões na economia, por conta do cancelamento das festas juninas.
No município de Amargosa, situado a 241 quilômetros de Salvador, a situação também não é diferente. Conhecida pela tradicional festa de São João, a cidade investiu, no ano passado, R$ 3 milhões na festa, entre recursos próprios da prefeitura, patrocínios e apoios institucionais. Além disso, a cidade contou com o apoio de R$ 480 mil do Governo do Estado.
No ano passado, a cidade recebeu, entre São João e São Pedro, um público equivalente a mais de 100 mil pessoas, e esperava superar esse número em 2020.
Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura de Amargosa, não há previsão de festa esse ano, mas a prefeitura está definindo uma forma de ajudar os músicos e artistas locais, de forma que as pessoas não precisem sair de casa.
“Ainda não definimos as ações que podem ser realizadas e se realmente serão. Estamos discutindo um projeto que inclua os músicos e artistas da cidade, para que a tradição seja mantida, mesmo nesse momento. A proposta é realizar algo que a população possa participar sem sair de casa, afinal, nossa atenção e esforço estão voltados ao combate da Covid-19”, disse a prefeitura, ressaltando que o São João é, para a cidade, o período de arrecadação mais expressivo do ano.
“A não realização do São João de Amargosa afeta fortemente a economia da cidade como um todo, ainda mais por conta dos sacrifícios que já estão sendo realizados por conta de algumas restrições adotadas no combate ao coronavírus”, pontuou a gestão do município.
Em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, o cenário é o mesmo. Segundo o secretário de Cultura e Turismo da cidade, Cleydson do Rosário, o município recebeu entre 40 e 50 mil pessoas, no ano passado, no período junino.
A cidade investiu, em 2019, R$ 1,3 milhão na festa, e prevê um prejuízo entre R$ 5 a 7 milhões no turismo e geração de emprego por conta do cancelamento do São João esse ano.
“A prefeitura está focada no combate à prevenção ao coronavírus e se mantém prospectando ações para um futuro próximo, quando pudermos trabalhar de forma mais incisiva dentro de uma nova normalidade”, disse o secretário.
Em Cruz das Almas, foram investidos R$ 2,5 milhões na festa, no ano passado, além de R$ 300 mil da Bahiatursa. Segundo o prefeito da cidade, Orlando Peixoto (PT), a previsão é de uma perda entre R$ 25 e 30 milhões na economia local, incluindo empregos temporários, hotéis, pousadas, aluguel de casas, barracas de bebidas e quitutes, restaurantes, festas privadas, fogos, fogueiras, artistas, bandas, atrações culturais locais, estrutura e comércio em geral.
“Não estamos planejando nenhum evento. Estamos fazendo campanhas para que as pessoas não façam festas, evitem receber visitas, evitem acender fogueiras, tocar fogos e evitem aglomerações”, alertou o prefeito.
São João do Pelô
O São João da Bahia, realizado no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, reuniu, no ano passado, uma média de 40 mil pessoas por dia. A festa, promovida pelo Governo do Estado, por meio da Bahiatursa, teve investimento de R$ 5 milhões. Além disso, a Bahiatursa investiu R$ 6 milhões em apoio para festas juninas de 141 cidades baianas.
Procurada pelo BNews, a assessoria da Bahiatursa informou que este ano também não há previsão de evento. “Estamos avaliando um projeto para ajudar os músicos, mais ainda não tem nada definido”, disse o órgão.