Uma operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (11), pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), em conjunto com a Polícia Civil, cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em Salvador, contra grupo envolvido em esquema criminoso montado na prestação de serviço de estampamento de placas veiculares, junto ao Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA).
A ação desta quinta-feira é uma continuidade da Operação Cartel Forte, deflagrada em 10 de fevereiro deste ano.
De acordo com o MP-BA, os mandados foram cumpridos na sede do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do Salvador Shopping, na sede do Detran, onde trabalham os novos investigados, e nas residências deles, situadas nos bairros Praia de Armação e São Caetano.
O MP destacou que provas colhidas na fase anterior da operação revelaram a existência de um novo modo de atuação para favorecer as empresas estampadoras de placas. esse novo modelo consistia na prática rotineira do vistoriador, em troca de propina, “condenar” (termo usado para reprovar) as placas automotivas no momento das vistorias, de forma premeditada, para obrigar os condutores a adquirirem um novo par de placas.
A corrupção, ainda segundo o MP-BA, foi comprovada após a análise preliminar feita no aparelho celular de Catiucia de Souza Dias, denunciada no dia 25 de fevereiro, apreendido por ocasião da deflagração da primeira fase da operação. Os investigadores identificaram diversos diálogos no aplicativo WhatsApp, que descortinaram todo o trâmite de uma parceria criminosa também no segmento de vistoria veicular.
O Gaeco reforçou ainda que não terminou de analisar todo o material apreendido e segue trabalhando para verificar a participação de outros envolvidos e novos indícios de crimes praticados dentro do Detran.
Operação Cartel Forte
Deflagrada em 10 de fevereiro deste ano, a operação cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão em Salvador e Lauro de Freitas, cidade da região metropolitana, contra empresários que prestam serviços ao Detran-BA.
Os empresários atuam no ramo de estampamento de placas de veículos e teriam se unido para formar um cartel, fazendo uso de várias empresas em nomes de laranjas e familiares. Ainda de acordo com o MP, eles mantinham o esquema criminoso há mais de 30 anos.
As investigações apontaram que os membros da organização costumavam cobrar uma quantia considerável a empresários que queriam credenciar as suas empresas no ramo de estampamento. Eles também alteravam no sistema a escolha feita pelo consumidor na hora da compra, a fim de direcioná-lo para as participantes do esquema.
O MP-BA afirmou na época que não era possível calcular o valor exato do prejuízo à população, já que a concorrência nesse tipo de crime praticamente veta a concorrência, e o preço para o estampamento de placas acaba sendo tabelado pelo grupo criminoso.
Em nota, o Detran informou na época que apoiava o trabalho do Ministério Público e que estava colaborando na apuração do caso, para que os culpados sejam punidos. Disse também que as empresas privadas credenciadas ao Detran-BA precisam cumprir uma série de requisitos legais, sob pena da cassação do vínculo com o órgão. (G1)